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CPI das ONGS: indígenas de São Gabriel da Cachoeira denunciam “escravidão” por ONGs e pedem a saída do ISA da região

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CPI das ONGS: indígenas de São Gabriel da Cachoeira denunciam "escravidão" por ONGs e pedem a saída do ISA da região

Brasil – Em uma reunião virtual realizada nesta terça-feira (18), lideranças indígenas do município de São Gabriel da Cachoeira, situado na região do Alto Rio Negro, fizeram graves denúncias contra Organizações Não-Governamentais (ONGs) e pediram a saída do Instituto Socioambiental (ISA) da região. As acusações vieram à tona durante o encontro com o senador Plínio Valério (PSDB-AM), presidente da CPI das ONGs.

Os indígenas relataram estarem exaustos com interferências, manipulações e ações indevidas promovidas por ONGs na região, que é considerada uma das mais ricas e cobiçadas do país. Os participantes da reunião ecoaram as manifestações dos depoentes de comunidades indígenas que compareceram à Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado Federal.

“Sofremos nas mãos dessas organizações e queremos seguir em frente”, desabafou um dos participantes. A reunião também colocou em evidência críticas à atuação do Instituto Socioambiental na região, com um apelo veemente para que ele seja retirado do local.

Domingos Brandão, uma das lideranças, destacou a necessidade de fiscalização da situação, especialmente em relação ao ISA, que, segundo ele, tem interesses de exploração nas riquezas da região. Outro indígena, Jesus dos Santos, pediu que a CPI investigasse a realidade local in loco, ressaltando que projetos de ONGs não são concretizados e estão causando prejuízos à comunidade. Vale ressaltar também que a principal Fonte Financeira do ISA entre os anos de 2016-17 tem sido a União Européia.

“Eu gostaria mesmo que a CPI viesse para o município. Tem muita coisa errada aqui, senador. Nossos amigos, nossos parentes não estão mais aguentando, é preciso que o senhor, como presidente da CPI das ONGs, faça algo”, solicitou Jesus dos Santos.

As lideranças indígenas mostraram apoio à CPI por dedicar-se à causa indígena. Alberto Castro Isaías enfatizou que a Foirn (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro) e as ONGs, por meio de seus projetos, têm prejudicado a comunidade. Ele lamentou que esses projetos nunca tenham sido concretizados para o bem-estar social da comunidade.

Líder Ianomami critica o ISA

O líder indígena Ianomami Alberto Brazão Góes, uma das três lideranças convidadas pela CPI das ONGs para falar na sessão da terça-feira, 27 de junho, disse que seu povo é “matéria-prima para ONGs” e citou o Instituto SocioAmbiental (ISA) como uma das entidades que executam projetos “sem resolutividade,” pedindo transparência na prestação de recursos acessados por elas junto ao poder público federal e países estrangeiros.

Brazão Góes também confirmou que o ISA por meio de uma loja virtual em seu site na Internet vende cogumelos de alta qualidade proteica, que combate à desnutrição, por sete euros uma grama de cogumelo. “É um cogumelo gigante, vendido no exterior, um projeto que arrecada milhões, e nós passando fome. É contraditório, né?,” questionou, dizendo que “os parentes” passam o dia inteiro catando cogumelo e entregando para a ONG.

Além disso, durante a reunião, foi denunciada a realização de um projeto de pesca esportiva no município como uma manobra para encobrir o contrabando de minérios. A presença da CPI das ONGs está sendo percebida como um impacto positivo nas comunidades, representando uma esperança para aqueles que desejam se libertar dos problemas causados pelas ONGs.

Em resposta às denúncias e apelos das lideranças indígenas, o senador Plínio Valério afirmou compreender a revolta manifestada, mencionando sua experiência como caboclo da beira do rio e sua indignação com aqueles que enriquecem à custa das comunidades, explorando-as.

“Eu entendo essa revolta perfeitamente, sou caboclo da beira do rio e acostumado com esse pessoal embrenhado na mata e nos roubando. Eu fico indignado. São pessoas que enriquecem em nome das comunidades. Mas eu não vou desistir. É um compromisso que faço comigo mesmo e vou lutar até o fim. O meu mandato está a serviço de vocês, e esses depoimentos dizem que eu devo continuar nessa luta”, declarou o senador e presidente da CPI das ONGs.

O caso continua sob investigação, e a CPI promete empenho em buscar soluções para os problemas enfrentados pelas comunidades indígenas de São Gabriel da Cachoeira. A reunião virtual se tornou um marco nas discussões sobre as interferências de ONGs na região e coloca em evidência as tensões políticas em torno da proteção dos povos indígenas e do meio ambiente na área.


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