Milhões foram recebidos pelo blog Radar Amazônico, da ‘Boladona’, para encobrir assassinato e corrupção na prefeitura de Arthur Virgílio
Amazonas – De todas as histórias de enriquecimento inexplicáveis no Amazonas, um caso tem deixado a população de Manaus bastante intrigada: Any Margareth Soares Affonso, conhecida como a dona do blog Radar Amazônico, passou por uma verdadeira transformação até se tornar a ‘boladona’, trocando seus vestidos de segunda, bijuterias fajutas, além de jóias folheadas por grandes colares de ouro, brincos reluzentes e relógios caros, mas sem perder a breguice. No entanto, todas estas regalias seriam fruto do dinheiro público que caiu nas suas grandes mãos durante a gestão de Arthur Virgílio na prefeitura e de Wilker Barreto, como presidente da Câmara Municipal de Manaus.
Como uma simples blogueira alcançou o patamar moderado de riqueza para comprar tantas bijuterias e tentar disfarçar a falta de cabelo com um megahair semestral? As mordomias dessa senhora também custam dinheiro. Mas ela não tem herança, nem marido rico. Rastros da origem de sua “pequena fortuna” começaram a vir à tona quando a população começou a perceber que Any Margareth cedia espaço em seu blog para promoção de figuras políticas bastante controversas do Estado do Amazonas.
A verdade
A verdade chocante começou a se revelar quando a população percebeu que Any Margareth, em seu blog, foi um dos veículos de comunicação que abraçou a narrativa de inocência de Alejandro Valeiko por ordem de Arthur Virgílio. No início das investigações, Alejandro Valeiko, filho de Elisabeth Valeiko, era o principal suspeito. Porém, as matérias publicadas por Any Margareth no Radar Amazônico pareciam ter uma única missão: apoiar a versão da família de Arthur e de sua esposa, humanizando o acusado e desviando a atenção da trágica morte de Flávio Rodrigues.
Após a “cortina de fumaça” ser jogada no ar e Arthur elaborar a estratégia jurídica para defender o enteado, as principais evidências e questionamentos contra o enteado do ex-prefeito passaram longe da “mira do Radar”, ocasião a qual o blog de Any adotou integralmente a versão de inocência de Alejandro Valeiko, dando bastante ênfase em suas manchetes aos argumentos dos advogados de defesa da família de Virgílio. Vale ressaltar que o simples questionamento sobre a versão da defesa paga por Arthur para circular na imprensa gerou processos e censuras de diversos jornalistas e donos de portais, como o próprio Moisés Dutra.
Mimando Elisabeth Valeiko
Mas não para por aí! Any Margareth não poupou esforços para se aproximar do poder. Ela convidava a ex-primeira dama “Betinha” para inúmeras entrevistas em seu portal, construindo uma rede de favores e interesses duvidosos, sempre mimando a mulher de Arthur.
As conexões sombrias se estendiam além das matérias tendenciosas, com elogios ensebados de “só love” para Elizabeth Valeiko, que chegou a ser investigada pelo Ministério Público do Amazonas acusada de crimes contra a administração pública e lavagem de dinheiro relacionados à época em que presidia o Fundo Manaus Solidária, em 2018.
Recebendo de Arthur
Ao vasculharmos os registros do portal da transparência da Prefeitura Municipal de Manaus, descobrimos números que fazem o queixo cair. Any Margareth Soares Affonso recebeu uma verdadeira fortuna durante os dois mandatos de Arthur Virgílio. No primeiro mandato (2013-2017), ela abocanhou a quantia espantosa de R$ 2,2 milhões. Já no o segundo mandato (2017-2021), foram incríveis R$ 1,7 milhões. Juntando as dois anos, somam a fortuna de 3,9 milhões de reais.
Recebendo de Wilker
E as conexões perigosas não param por aí! Wilker Barreto, enquanto presidente da Câmara Municipal, também não hesitou em abrir os cofres para Any Margareth. Mais de 1 milhão de reais foram transferidos para ela. Wilker era conhecido como o braço direito de Arthur Virgílio, liderando seu governo na prefeitura. Por ele foi dados em torno de R$ 1.000.000 para a Boladona, o que ajuda a explicar o favoritismo do parlamentar com o blog de Margareth.
Além disso, Wilker Barreto “silenciou” sobre o caso Flávio. Logicamente, por conta de sua ligação com Arthur Virgílio. Na época, já sido eleito deputado Estadual, Barreto não manifestou uma só nota de repúdio ou cobrança de transparência no impasse político de 2019, em que vereadores ao lado de Arthur tentaram tiram da pauta o protocolo público para pedir ao MP-AM a apuração da informação de que o carro utilizado no crime seria oficial da prefeitura. Na época, quem levantou a informação foi o próprio delegado da 19º DIP, Aldeney Góes, que revelou o carro utilizando no crime e que aparece saindo do condomínio Passaredo, era um veículo oficial da prefeitura e acautelado no nome do policial Elizeu da Paz.







