Novos prefeitos enfrentarão aperto nas finanças em 2025
Brasil – A partir de janeiro de 2025, os prefeitos eleitos nas eleições de 2024 enfrentarão um cenário financeiro desafiador, marcando uma guinada em relação ao ambiente fiscal mais favorável vivenciado pela atual geração de gestores municipais. De acordo com o economista Alberto Borges, sócio da consultoria Aequus, que atua em parceria com a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), a dívida dos municípios cresceu nos últimos anos e não há sinais de alívio no curto prazo.
Borges, que monitora a situação fiscal dos municípios desde 2009, destaca que, apesar do pessimismo inicial gerado pela pandemia de COVID-19, o cenário fiscal entre 2020 e 2021 foi atípico. “Havia uma expectativa de colapso nas finanças de estados e municípios, mas o que aconteceu foi o oposto”, relembra. A generosidade nos repasses da União e a suspensão temporária dos serviços da dívida ajudaram as prefeituras a reduzirem despesas e acumularem reservas financeiras.
Anos de bonança e sua reversão
O período entre 2020 e 2021 foi marcado por uma redução significativa nas despesas municipais em relação ao orçamento total. Enquanto entre 2014 e 2019, a média de comprometimento dos recursos das prefeituras com despesas ficou entre 93% e 95%, em 2020 essa parcela caiu para pouco mais de 91%, e despencou ainda mais para 87,6% em 2021. Contudo, a partir de 2022, a situação começou a se inverter e, em 2023, os níveis de endividamento já haviam retornado ao patamar pré-pandemia.
Essa folga temporária nas contas permitiu que muitas administrações investissem em obras e cumprissem promessas eleitorais, o que pode ter facilitado reeleições. “Todo mundo montou um caixa durante a pandemia”, ressaltou Borges. No entanto, ele alerta que esse cenário não se repetirá nos próximos anos. “Os novos prefeitos não terão essa mesma sorte”, advertiu.
Desafios futuros e ajustes necessários
Com o fim do ciclo de maior disponibilidade de recursos e a retomada do crescimento da dívida, os próximos gestores municipais deverão se adaptar a um novo cenário econômico. Borges aponta que o foco não será necessariamente em cortes de gastos, mas sim na melhoria da qualidade das despesas. Ele também prevê uma maior dependência de parcerias com governos estaduais, especialmente em um período que antecede as eleições gerais, quando governadores estão mais pressionados a apresentar resultados.
A desaceleração na entrega de projetos e obras municipais pode ser uma realidade para os próximos anos, impactando a capacidade dos novos prefeitos de cumprir promessas de campanha. Se isso afetará diretamente as chances de reeleição dos próximos gestores ainda é incerto, mas uma coisa é clara: a próxima geração de prefeitos precisará lidar com um cenário fiscal significativamente mais apertado.