Governo Federal tenta atrair classe média com medidas econômicas arriscadas, dizem economistas
Brasil – Nos últimos dias, o presidente Lula tem adotado uma série de medidas voltadas para capturar a atenção da classe média brasileira, buscando reconquistar uma parcela da população que havia sido negligenciada pelos petistas. Com programas que envolvem descontos na compra de carros e ampliação das faixas de preços dos imóveis contemplados pelo Minha Casa, Minha Vida, entre outras ações, Lula pretende atrair esse público pelo bolso.
Desde as manifestações de 2013, houve um desgaste na relação do PT com os setores médios da sociedade. No entanto, agora, lideranças do partido estão retomando um diálogo mais produtivo com a classe média. De acordo com o economista Samuel Pessôa, da Fundação Getulio Vargas, o objetivo é reconectar-se com esse público que foi afastado nos últimos anos. No entanto, parte destas iniciativas, segundo o economista, podem pesar no futuro da economia do país.
O governo iniciou essa estratégia no início de junho com o programa de incentivos para a compra de carros avaliados em até 120.000 reais. A iniciativa concedeu 800 milhões de reais em créditos tributários para montadoras, resultando na venda de 150.000 veículos em apenas um mês. Além disso, o programa Minha Casa, Minha Vida foi relançado com a ampliação do limite dos imóveis elegíveis para o benefício, chegando a 350.000 reais. Estudos estão em andamento para ampliar a faixa de renda e o teto para 600.000 reais.
Outros projetos estão em gestação, como o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda e um programa de renegociação de dívidas para renda de até 20.000 reais, buscando alcançar um estrato social mais amplo.
No entanto, reconquistar a classe média não é uma tarefa fácil. Muitos que ascenderam socialmente durante os governos Lula enfrentaram dificuldades com a crise econômica na gestão de Dilma Rousseff. Além disso, o avanço do conservadorismo na sociedade brasileira e o radicalismo ideológico do PT afastaram esse público.
Durante a pandemia, a classe média foi duramente afetada pela queda da renda, o que levou à redução do consumo e ao aumento da inadimplência. Para impulsionar o consumo, o governo lançou o programa de renegociação de dívidas Desenrola, que busca incentivar a oferta de crédito e oferecer descontos para pessoas com renda mensal de até 20.000 reais.
O acesso ao crédito é essencial para aumentar a sintonia entre o governo e a classe média, que depende de financiamento para adquirir bens. A expectativa de queda da taxa básica de juros, a Selic, facilitará o acesso a recursos necessários para o aumento do consumo.
Embora seja importante atender às demandas imediatas da classe média, é fundamental que o governo busque o crescimento sustentável da economia, com geração de emprego e renda associada à responsabilidade fiscal. A história recente do país mostra que a desoneração excessiva de tributos pode ter consequências negativas a longo prazo.
Assim, além de oferecer benefícios como moradia, veículos e crédito, o novo governo de Lula precisa priorizar o desenvolvimento econômico sustentável, evitando que as políticas populares de hoje resultem em problemas fiscais no futuro. A reconexão com a classe média é um desafio que requer um equilíbrio entre medidas de curto prazo e uma visão de longo prazo para garantir o bem-estar econômico do país.