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Após mobilização de empresários brasileiros, EUA retiram tarifa de 10% sobre celulose e ferro-níquel; veja vídeo

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EUA retiram tarifa de 10% sobre celulose e ferro-níquel brasileiros

Brasil – O governo dos Estados Unidos anunciou a retirada da tarifa adicional de 10% sobre exportações brasileiras de celulose e ferro-níquel, medida que representa um alívio parcial para o comércio exterior do Brasil, mas que mantém em xeque outros setores estratégicos, como o de café e cacau, que seguem taxados em até 50%. A decisão foi confirmada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que vem negociando diretamente com empresários e autoridades norte-americanas.

Segundo dados oficiais, apenas em 2024 o Brasil exportou US$ 1,84 bilhão em celulose e ferro-níquel para os EUA. Desse montante, a celulose respondeu sozinha por US$ 1,55 bilhão, consolidando-se como o produto mais relevante dentro desse grupo. Com a retirada da tarifa, cerca de 25,1% das exportações brasileiras ao mercado norte-americano ficam temporariamente livres de sobretaxas.

Papel dos empresários da celulose

O setor de celulose se torna peça-chave nas negociações entre Brasil e Estados Unidos. Grandes grupos brasileiros do setor têm forte presença no mercado internacional e mantêm parcerias de longa data com indústrias americanas, sobretudo nas áreas de papel, embalagens e produtos químicos derivados da madeira.

A influência desses empresários junto às cadeias produtivas dos EUA é estratégica para convencer o governo norte-americano da importância de reduzir as barreiras tarifárias. “Essa decisão representa um avanço, sobretudo para o setor de celulose do Brasil. Mas ainda há muito a ser feito e seguimos trabalhando para reduzir as tarifas”, afirmou o vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin.

Para especialistas, a pressão dos industriais de papel e celulose nos Estados Unidos pode pesar mais do que os esforços diplomáticos formais. Como o setor é essencial para a indústria americana, especialmente em estados com forte produção de papel e embalagens, empresários brasileiros se transformam em aliados estratégicos do governo na defesa de tarifas mais baixas.

Alívio parcial, desafios mantidos

Apesar da boa notícia para a celulose e o ferro-níquel, a lista de produtos brasileiros ainda penalizados permanece extensa. Cerca de 76 itens seguem sob taxação elevada, e outros sete, principalmente insumos químicos e plásticos industriais, passaram a pagar mais 10% além da sobretaxa de 40%.

Café e cacau, símbolos da pauta de exportações brasileiras, continuam com tarifa de 50%, o que prejudica produtores e reduz a competitividade em relação a países concorrentes. O impacto direto é sentido especialmente por cooperativas e pequenos exportadores, que dependem do mercado americano para escoar parte relevante da produção.

Reação do governo brasileiro

Para mitigar os efeitos do chamado “tarifaço”, o governo federal anunciou medidas emergenciais. Entre elas estão uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para empresas atingidas e outra de R$ 10 bilhões pelo BNDES destinada a negócios afetados por tarifas menores que 50%.

Segundo o MDIC, essas ações fazem parte do Plano Brasil Soberano, que foi elaborado após 39 reuniões com representantes do setor privado. No entanto, especialistas avaliam que o peso das negociações empresariais junto a compradores americanos pode ser decisivo para abrir espaço a futuras reduções tarifárias.

Importância estratégica

Ao retirar a sobretaxa sobre a celulose, os Estados Unidos reconhecem, ainda que parcialmente, a interdependência econômica com o Brasil em setores-chave. Para o governo brasileiro, o próximo passo é transformar o protagonismo dos empresários de celulose em capital político para ampliar o diálogo e buscar a redução de tarifas sobre outros produtos da pauta exportadora nacional.

Enquanto isso, café e cacau permanecem como os maiores desafios no campo da diplomacia comercial — setores nos quais o lobby brasileiro ainda não tem a mesma força junto à indústria americana.





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