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Saiba quem é “Doctor D”: médico que ganha milhões dos vereadores de Manaus e já foi alvo da PF e MP-AM

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Saiba quem o Doctor D: médico que ganha milhões dos vereadores de Manaus e já foi alvo da PF e MP-AM

Manaus – O Instituto Doctor D, sob a tutela do Médico Daniel Roger Goulart Silva, conhecido como Doctor D, emerge mais uma vez no epicentro de uma controvérsia envolvendo o destino de recursos públicos em Manaus. Em um histórico marcado por polêmicas e investigações, a entidade volta a ser alvo de escrutínio por receber vultuosas quantias provenientes dos vereadores da Câmara Municipal de Manaus (CMM).

Recentemente, uma investigação rigorosa conduzida pela jornalista Chyntia Blink revelou que um grupo de vereadores destinou cerca de R$ 12 milhões dos cofres públicos para o Instituto Doctor D, levantando questionamentos sobre os critérios e motivos por trás desse direcionamento significativo de recursos para uma única organização.

Cada um dos 41 vereadores possui acesso a R$ 2.067.000,00 em emenda parlamentar individual, destinados para áreas específicas da cidade. Contudo, o que chamou a atenção foi o direcionamento significativo desses recursos para o Instituto Doctor D:

Escândalos

A polêmica, no entanto, é uma de outra série de irregularidades no histórico do médico. O passado conturbado do Doctor D inclui ele como já tendo sido alvo da Polícia Federal em 2018, na Operação Cashback. Segundo informações da investigação, em quatro anos, as empresas envolvidas receberam mais de R$ 400 milhões do Governo do Amazonas e a estimativa é de que as fraudes perpetradas superem R$ 140 milhões em desvio de recursos públicos, como a prática de crimes de peculato, lavagem de capitais e organização criminosa. Os delitos, de acordo com a investigação na época, foram praticados por empresários que forneciam produtos e serviços à organização social (pessoa jurídica sem fins lucrativos – ONG), não alcançados na primeira fase da operação Maus Caminhos. Pelo menos, 20 empresas teriam participado do esquema.

As investigações da PF revelaram, na época, em uma análise realizada pela Receita Federal, que empresas fornecedoras de mercadorias e serviços para o Estado do Amazonas utilizavam notas fiscais e recibos “frios” para geração de despesas fictícias. Além da redução de tributos a pagar, esse modus operandi permitia a geração de “caixa 2”, o que, em tese, serviria para enriquecimento ilícito, pagamento de propinas e lavagem de dinheiro. Há suspeitas de que esse mecanismo foi favorecido pelo superfaturamento dos serviços e produtos fornecidos.

Além disso, o médico foi  alvo do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), que revelou que o médico Daniel Roger Goulart Silva prestou serviços oftalmológicos em Presidente Figueiredo enquanto ocupava cargos em Manaus, levantando suspeitas de que ele estaria recebendo salários de forma irregular e deixando de cumprir com suas obrigações em algum dos locais.

Segundo a ação movida pelo MP-AM, o nome do médico Daniel Roger teria sido assinado por 108 horas seguidas de plantão, mesmo o pediatra desempenhando o cargo de diretor clínico do Hospital e Pronto-Socorro da Criança da Zona Oeste, em Manaus, e o cargo de médico na Unidade Mista Hospitalar Eraldo Falcão, em Presidente Figueiredo. “Ou seja, estaria deixando de cumprir com suas obrigações em algum lugar”, concluiu a promotora do caso na 13ª Promotoria de Justiça Especializada na Proteção ao Patrimônio Público, Neyde Regina Demosthenes Trindade.

A promotora afirmou que, em suma, das 720 horas existentes em um mês, o médico denunciado teria o tempo livre de somente 44 horas por mês. “Nem o auge da revolução industrial impunha regime tão severo aos trabalhadores”, disse ela na ação de improbidade administrativa.

Vale ressaltar, que apesar das polêmicas e a conduta questionável, o Dr. Daniel Roger já recebeu homenagens da Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas (ALEAM-AM), conforme disponibilizado nas redes sociais do Instituto Doctor D. Veja:


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