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TBT da Corrupção: filho de Amazonino já foi acusado de envolvimento na morte de empresário em SP

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TBT da Corrupção: filho de Amazonino já foi acusado de envolvimento na morte de empresário em SP

Brasil – O pré-candidato ao Governo do Amazonas, Amazonino Mendes, conhecido pelas suas quase quatro décadas como figura pública no Estado,  insiste em prosseguir na carreira mesmo sendo o candidato com maior longevidade entre os seus concorrentes ao cargo de Governador do Estado do Amazonas. Com a informação de que seu filho estaria cotado para ser o vice de sua chapa, internautas começam a olhar com maldade a possibilidade de repasse de poder entre os familiares, sobretudo porque o próprio Armando Mendes já esteve envolvido em um grande escândalo.

Considera uma figura histórica da política do norte do país, Amazonino está entre os mais importantes políticos do Amazonas: Já foi Governador e prefeito da capital em vários mandatos. Em 2020, acumulava um patrimônio declarado de R$ 4,7 milhões em bens e negócios. Mas não é só isso que chama a atenção para a figura de Amazonino, sua carreira foi marcada por diversos escândalos e denuncias, divulgadas na mídia e equiparáveis ao de seu atual aliado, Arthur Virgílio.

Caso Samek Rosenski

No ano de 1993 a figura de Amazonino estampava nas revistas e capas dos jornais, disparando seu nome na imprensa nacional. O seu filho Armando Clóvis Mendes Negreiros já foi acusado de ser o mandante do assassinato de um empresário em São Paulo e o seu principal assessor, considerado seu “testa-de-ferro” Fernando Bonfim, era uma possível testemunha do crime.

O caso relatava o assassinato do empresário Samek Marek Rosenski, ocorrido em março de 1993 em São Paulo, na esquina da rua Bandeira Paulista com a avenida Nove de Julho, no Itaim, com um tiro na cabeça, quando seu carro estava parado num cruzamento.

Segundo informações divulgadas na época, o filho do agora pré-candidato ao Governo do Estado, pagou aproximadamente 500 mil dólares com advogados para se livrar da “bronca” como mandante do homicídio. Após conseguir se limpar com a justiça brasileira, Clóvis Mendes se mandou para Madrid, na Espanha.

Armando administrava em São Paulo a empresa de relógio Cosmos, instalada em Manaus. Os negócios fluíam perfeitamente bem, até Amazonino saber, por meio de Samek, que estava sendo enganado pelo seu filho. Samek Rosenski reuniu provas de que Armando estava “roubando” o pai, fazendo negócios à parte e desviando dinheiro da empresa. Amazonino deu um ultimato no filho que não se conformou.

Consta numa gravação feita pelo ex-empresário Fernando Bonfim, o “testa-de-ferro” de Amazonino, que o empresário assassinado Samek Rosenski, estava com problemas com Armando, pois o filho de Amazonino queria vender um produto sem nota fiscal e o empresário teria se recusado. Na gravação que foi apresentada à polícia à época, tem o seguinte áudio:

“Aí falei: não quero mais negócio com você (supostamente Rosenski)… Aí cheguei no Otávio, chorando de raiva, e ele disse: teu pai se fodeu… com essa história… Aí falei: esse filho da puta vai acabar morrendo”, diz trecho de fala atribuída a Armando.

Rica nos detalhes, a fita mostra que Amazonino e Armando tinham uma relação de disputa em família — tanto que, a certa altura, Armando conta que conversou com o pai só para desfazer a suspeita de que o estava roubando. Armando também fala sobre a morte do empresário Samek Rosenski, e acrescenta uma novidade aos fatos da noite do assassinato, ele disse que quando estava de viagem por Viena, um segurança seu em São Paulo foi a primeira pessoa a encontrar o corpo do empresário Rosenski, e que ao saber da morte ficou tão contente que comemorou com um champanhe. No meio da conversa, em tom pouco angelical, Bomfim (o autor da gravação) chega a comentar: “Esse f.d.p. mereceu a bala na cabeça”

A gravação segue com o seguinte relato:
“Tem uma coisa feia. Quando me telefonaram… quem encontrou o corpo dele (Rosenski) foi um segurança meu em São Paulo. Ele foi o primeiro cara que pegou as coisas dentro do carro, pegou a agenda e o primeiro nome que viu foi o de Amazonino, do papai, e aí viu o meu… O cara me falou, ‘Armando… assassinaram uma pessoa’… já me veio na cabeça o nome do cara (supostamente Rosenski)… e o meu sócio, que estava lá, chegou e me falou assim: ‘Armando, você vai me permitir, vou lá embaixo comprar um champanhe”.

Os trechos da gravação feita por Bonfim, que além de ser chamado de ”testa-de-ferro” de Amazonino era presidente da Ceam (antiga estatal de energia elétrica do estado), foram gravadas durante uma reunião com Alexandre Auad Neto e Júlio Mussa Cury, que também foram investigados pelo crime.

Além do filho do governador do Amazonas, foram investigados e chamados para depor sobre o crime Fenando Bonfim, autor da gravação, Alexandre Auad Neto, Júlio Mussa Cury e a pessoa identificada como Otávio (Raman, dono das rede Em Tempo de comunicação, e o próprio Amazonino Mendes.

Caso foi divulgado pela mídia na época

Em junho de 1997 a mídia do Amazonas divulgava que o engenheiro Fernando Bonfim estava sendo sofrendo uma onda de “ataques” vinda por parte Amazonino. Na época, as relações entre o agora candidato ao Governo do Amazonas e o finado engenheiro estava indo se esvaindo.

O caso repercutiu tanto que o jornal Folha de São Paulo divulgou uma reportagem apontando que filho do ex-governador iria ser ouvido pela polícia.

Quatro meses após fazer ‘bonito na reeleição’ para o Governo do Amazonas, em que entregou dezenove votos para ajudar o governo a aprovar a emenda que permitiu a Fernando Henrique Cardoso disputar um segundo mandato em 1998, Amazonino Mendes, do Amazonas, envolveu numa pororoca de escândalos. Em 1997, ele apareceu como homem da mala no balcão da reeleição, apontado por dois ex-deputados que venderam seus votos por 200.000 reais.

O governador também foi acusado de outro crime na época: ser o verdadeiro dono de uma das empreiteiras mais ativas do Amazonas, a Econcel, que chegou a faturar durante o período mais de 50 milhões de reais em duas dezenas de obras públicas no Estado. O caso que estava em investigação na época se destacou por não se assemelhar aos casos clássicos de políticos que promove concorrências fraudadas para beneficiar empreiteiros, recebendo uma comissão em troca, mas de supostamente o governador fazer obras públicas em benefício próprio, sem intermediários.

A denúncia foi feita por um empresário de Manaus, Fernando Bomfim. Correndo o risco de se auto incriminar e ir para a cadeia por falsidade ideológica, com pena prevista de um a cinco anos de prisão, Bomfim confessou ter feito carreira como testa-de-ferro de Amazonino. Ele teve meios de sustentar o que diz. No dia 17 de março de 1997, Bomfim gravou uma conversa com Armando, filho do governador. Na reunião, que durou duas horas, fala-se sem rodeios sobre a troca dos laranjas na empresa. Pela conversa, Bomfim entregaria sua parte na empresa, 70% das ações, para ser dividida entre outros três testas-de-ferro: Alexandre Auad Neto e seu filho, André, e Julio Mussa Cury.

Na fita, o filho Armando diz, com a naturalidade de quem está acertando a compra de um automóvel numa concessionária, que o pai pediu que a troca fosse feita o mais depressa possível e relata que levou uma bronca pela demora em resolver a questão. Existe uma prova de que a negociação da fita é autêntica. Num dos cartórios de Manaus consta que, oito dias depois da reunião gravada, a Econcel trocou mesmo de “sócios”. Pelos documentos, a mudança foi idêntica ao que se acertara na fita.

O homicídio

Rica nos detalhes, a fita mostra que pai e filho têm uma relação de disputa em família — tanto que, a certa altura, Armando, conta que conversou com o pai só para desfazer a suspeita de que o estava roubando. Armando também fala de um assunto escabroso, a morte do empresário Samek Rosenski, dono da fábrica de relógio Cosmos, assassinado em São Paulo, com um tiro na cabeça, quando seu carro estava parado num cruzamento. Depois de dizer que foi prejudicado por Rosenski num negócio, Armando revela detalhes sobre sua morte.

Conta que soube do assassinato de Rosenski quando estava de viagem por Viena e relata uma novidade sobre o crime — um segurança seu em São Paulo foi a primeira pessoa a encontrar o corpo. Ao saber da morte, um sócio que o acompanhava na viagem ficou tão contente que comemorou com um champanhe. No meio da conversa, em tom pouco angelical, Bomfim chega a comentar: “Esse f.d.p. mereceu a bala na cabeça”.

Tantos detalhes produziram a hipótese de que a família do governador poderia estar envolvida até num assassinato. Mesmo porque o principal condenado até hoje, Samuel Wolfsdorf, um ex-funcionário de Rosenski, foi para a cadeia por ter contratado os três matadores do empresário, mas jamais ficou claro quem foi o mandante do crime. “Nada impede que haja outra pessoa acima dele”, admite a promotora Eloísa Damasceno, que trabalhou no caso. Ao tomar conhecimento da fita gravada, no entanto, a família do empresário morto redigiu uma nota repudiando a suspeita sobre o governador.

Também não existe um motivo claro para que a família do governador arquitetasse o crime. Pelo contrário. “O Amazonino era um sócio oculto dos negócios de Rosenski . Com a morte dele, os herdeiros não lhe deram a parte devida e o governador teve prejuízo de milhões”, suspeita Bomfim.

“Lancetar o tumor” — “Jamais tive e não tenho testa-de-ferro e vou provar que a Econcel nunca recebeu privilégios para realizar obras no Estado”, diz Amazonino Mendes.

Na época houveram passeatas de protesto contra Amazonino em Manaus, mas o político nunca intimidou-se. Entre os 24 deputados que integravam a Assembleia Legislativa, que poderia criar uma CPI para investigá-lo, dezessete compuseram a bancada de apoio ao governo na época. Outro risco bem mais sério para Amazonino, na época, seria uma CPI no Congresso Nacional, ao que não aconteceu. Nesse caso, uma suposta interferência teria ocorrido por conta do governo de Fernando Henrique, que trabalhou para impedir que seu aliado, na época do PFL na campanha pela reeleição, sofresse constrangimentos. O Planalto então teria agido “botando cabresto no PSDB e no PFL”, fazendo com que os recalcitrantes tirassem a assinatura de apoio à CPI.

O governo queria que a investigação parasse nos ex-deputados que renunciaram. Não tiveram a menor curiosidade em saber quem deu dinheiro aos ex-deputados Ronivon e João Maia, esperando que o escândalo fosse encerrado com a simples cassação dos deputados do Acre suspeitos de vender o voto. Na época, com a denúncia de corrupção nas prefeituras do PT, a bancada do governo, no Congresso e também na imprensa, fez a festa, pois ficou mais fácil esquecer as propinas da reeleição.

Nem tudo correu como manda o figurino, porém, o veterano Almino Affonso, tucano de São Paulo, relator do processo de cassação de três deputados na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, não quis ser conivente com a operação-abafa. Almino ficou convencido de que queriam fazê-lo de bobo, pois o órgão não tem poderes para chamar suspeitos e testemunhas, para dar voz de prisão em caso de depoimentos falsos nem para pedir a quebra de sigilo bancário.

“No máximo, poderia convidar os envolvidos a depor, mas jamais poderia convocá-los com força impositiva”, diz o deputado. Depois de ler o regimento e estudar o caso, o deputado concluiu que faria um trabalho pela metade. “Poderia até punir quem vendeu os votos, mas deixaria na impunidade aqueles que compraram os votos.”

Depois da renúncia, Almino Affonso distribuiu nota à imprensa em que se manifestava a favor da criação da CPI. “Ouso fazer um apelo às forças que apoiam o presidente Fernando Henrique Cardoso no sentido de que tenham a coragem cívica de lancetar o tumor, que vai crescendo quanto mais se busca ocultá-lo”, diz a nota. O Planalto não se comoveu. Tanto que encontrou rapidamente um substituto para Almino, o obscuro deputado Nelson Otoch, do PSDB do Ceará. Na época com 57 anos, Otoch cumpriu o primeiro mandato e se destacou como radical adversário da CPI da reeleição. “Uma CPI somente serviria para atender a interesses partidários”, disse Otoch.

Fonte: Folha de São PauloFolha de LondrinaEstado de São PauloBlog dos Terríveis e Site Taquiprati


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