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‘Olá pobreza, adeus picanha’: produtores do AM podem perder 500 mil cabeças de gado para o Ibama

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'Olá pobreza, adeus picanha': produtores do AM podem perder 500 mil cabeças de gado para o Ibama

Amazonas – A situação dos fazendeiros e criadores de gado do sul do Amazonas está cada vez mais tensa. Com as notificações do Ibama para que retirem todos os animais de áreas embargadas em um período extremamente limitado de 5 dias, os produtores rurais estão prevendo caos social e econômico na região, onde há cerca de 500 mil cabeças de gado.

A situação foi discutida em reunião no município de Humaitá, na qual os prefeitos dos municípios de Humaitá, Lábrea, Manicoré e Apuí, junto com pecuaristas e vereadores, se reuniram para debater a ameaça que paira sobre a região.

De acordo com as notificações do Ibama, os fazendeiros terão cinco dias para regularizar, corrigir, prestar esclarecimentos ou apresentar documentos que comprovem a legalidade da propriedade rural e da área de pastagem dos animais. Caso as providências não sejam tomadas, os animais correm o risco de serem apreendidos, o que pode causar um caos econômico na região.

Segundo o Ibama, as medidas têm como objetivo cessar a degradação ambiental e propiciar a recuperação da área degradada. Porém, os produtores rurais afirmam que essa determinação pode gerar prejuízos incalculáveis para a economia da região, principalmente com o prazo curtíssimo de apenas 5 dias para mover tantos animais, ou mesmo para apresentar formalmente a documentação dos espaços, abrindo margem para apreensões injustas.

Além disso, a situação foi agravada pelo cancelamento da reunião convocada pela superintendência do Ibama do Amazonas, com menos de 24 horas de antecedência. O encontro tinha como objetivo discutir a situação dos produtores rurais da região sul do estado, mas foi cancelado sem explicação.

A Carta de Humaitá foi uma tentativa dos prefeitos e pecuaristas da região de estabelecer uma ponte de diálogo entre as autoridades Federais, Municipais e Estaduais para sustar esta ameaça contra a região sul do estado do Amazonas, mas a falta da presença do Ibama na sessão acabou soando como uma irresponsabilidade do Governo Federal, dado a iminência da crise econômica na região provocada pelo embargo das áreas. A situação é preocupante e deve ser acompanhada de perto pelos órgãos responsáveis.

Também durante a reunião com os prefeitos dos municípios do Sul do Amazonas, Muni Lourenço, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (FAEA) e vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) salientou o apoio à categoria rural de trabalhadores do campo, que serão os mais afetados com o caos econômico proveniente da ação que parte do Governo Federal.

Veja documento: Carta de Humaitá

A situação, começa a gerar caos nos municípios do sul do Amazonas, com mobilização de fazendeiros e populares que já começam a resistir que o Governo Federal apreenda seus animais. Veja vídeos:

Deputados pedem mais tempo ao Ibama

Ao longo da última semana, o assunto também chegou a ser pauta na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). O deputado estadual Cabo Maciel (PL) solicitou ao Ibama, no último dia 28 de março,  um prazo maior para pecuaristas retirarem rebanhos de gado de terras localizadas no distrito de Santo Antônio do Matupi, localizado em Manicoré (distante 332 km de Manaus em linha reta).

O motivo do pedido foi a falta de regularização das terras para a atividade econômica. “Eu vejo Santo Antônio do Matupi com uma produção de média 85 mil cabeças de gado, que para chegar a Manaus ou Manicoré é uma logística muito grande. Aquela população só quer produzir. Eu quero pedir ao Ibama que reavalie o prazo desse pedido. Ninguém tem estrutura para conseguir mudar esse volume de gado de lugar em 5 dias”, solicitou Cabo Maciel.

O deputado falou sobre a importância da atividade econômica para todo o Estado. “A carne consumida na capital vem do sul do Amazonas, de municípios como Manicoré, Humaitá (590 km da capital), de Apuí (453 km), é a carne que milhares de amazonenses tem na mesa. A população só quer ter o direito de trabalhar e ter a terra legalizada, para ter uma programação em seu negócio”, declarou.

Cabo Maciel também ressaltou que os pecuaristas da região enfrentam muitas dificuldades para regularização de terras. “Essa população já vem sendo prejudicada ao longo do tempo e parte delas pelo fato do Governo Federal ou do Estado não tomar pra si essa questão de buscar legalizar essas terras”, destacou. O parlamentar afirmou que vai acionar o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e a Bancada Federal do Estado para que auxiliem os produtores de gado de Matupi.

O que está por trás ?

Decisão do Ibama que pode prejudicar os pequenos produtores no sul do Amazonas pode estar ligada a uma estratégia do Governo Lula em beneficiar a JBS, que deve à China. De acordo com um levantamento feito pelo estúdio de inteligência de dados Lagom Data, por encomenda do Observatório do Clima, uma coalizão de ONGs da área ambiental, a JBS é a maior devedora em multas ambientais, com 37 infrações no valor total de 26,7 milhões de reais.

Acontece que a empresa faz parte do grupo de empresários do agronegócio brasileiro que viajou à China na semana passada, acompanhando compromissos do presidente Lula, que acabou não viajando por causa de uma pneumonia. A comitiva, organizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, levantou suspeitas por incluir representantes de empresas que devem mais de 32 milhões de reais em multas ambientais ao Ibama.

A JBS, que é a maior processadora de proteína animal do mundo, pode ser beneficiada com a apreensão de gado dos pequenos produtores no sul do Amazonas, que representam sua principal concorrência e um entrave para que ela se torne um monopólio no setor agrário. A medida garantiria também o lucro necessário para que o grupo conseguisse pagar a dívida com a China, além de garantir a influencia da própria China em terras da Amazônia, áreas que são ricas em recursos minerais.


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