Preocupação com ajuste fiscal faz Bolsa cair 0,47%
SÃO PAULO – As preocupações com a situação fiscal do país pressionam os negócios nesta sexta-feira. Às 12h46, o dólar comercial registrava leve alta de 0,12%, cotado a R$ 4,051 na compra e a R$ 4,053 na venda. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) operava em queda de 0,47%, aos 41.280 pontos.
Na avaliação de analistas, o cenário externo deixou de ser favorável e, além disso, novos dados negativos em relação à economia brasileira foram divulgados. Na quinta-feira, o Banco Central apontou retração de 4% na atividade econômica no ano passado e o IBGE mostrou nesta sexta-feira que a taxa de desemprego chegou a 9%.
— Até o meio da semana, a alta da Bolsa era impulsionada pela melhora nas expectativas para o petróleo. Agora há uma incerteza em relação à limitação da produção do óleo. Internamente, nada melhorou na economia brasileira. Não dá para esperar muita coisa do mercado acionário com essa economia — disse Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H.Commcor.
O preço do petróleo tipo Brent registra recuo de 2,54%, a US$ 33,41 o barril. A desvalorização dessa matéria-prima tende a afetar as moedas dos países produtores e também das ações das empresas da cadeia de óleo e gás. Isso também contribui para o aumento das dúvidas em relação ao crescimento da economia global. No exterior, o “dollar index”, calculado pela Bloomberg, tem leve alta de 0,04%.
Ricardo Gomes da Silva Filho, da Correparti Corretora de Câmbio, destacou ainda a declaração do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, sobre a falta de espaço para reduzir os juros no país. Além disso, o anúncio dos cortes no Orçamento de 2016 também estão no radar dos investidores.
PIORA FISCAL
Na quarta-feira no final da tarde, a Standard & Poor’s anunciou um novo rebaixamento da nota de crédito (rating) do Brasil. Uma das razões para essa mudança, e a manutenção de perspectiva negativa, é a trajetória da dívida pública. Sem as medidas de ajuste fiscal, fica mais difícil reverter a tendência de crescimento da dívida em relação ao PIB.
Na Bolsa, todas as ações mais negociadas do Ibovespa operam em queda. No caso da Petrobras, os papéis preferenciais (PNs, sem direito a voto) caem 0,87%, cotados a R$ 4,55, e os ordinários recuam 1,06%, a R$ 6,53.
O setor bancário, de maior peso no Ibovespa, também está em terreno negativo. Em relatório, o Credit Suisse recomendou a venda de papéis do setor. As preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco caem, respectivamente, 0,45% e 0,90%. No caso do Banco do Brasil, as ações têm alta de 0,54%.
Nesta sexta-feira, o Citi anunciou o interesse em vender os negócios de varejo em alguns países, incluindo o Brasil.
Também passaram a operar em terreno positivo as preferenciais da Vale, que têm alta de 3,83% e as ordinárias sobem 3,56%.
No exterior, os principais indicadores acionários operam em queda. Na Europa, o DAX, de Frankfurt, tem recuo de 1,02%, e o CAC 40, da Bolsa de Paris, cai 0,89%. O FTSE 100, de Londres, cai 0,72%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones cai 0,65%, e o S&P 500 tem desvalorização de 0,47%.