Brasília Amapá Roraima Pará |
Manaus
STORIES
Brasília Amapá Roraima Pará

Indústria do etanol de milho impulsiona a produção de carne no Brasil

Compartilhe
Etanol de milho impulsiona a Produção de Carne no Brasil

Brasil – Nos últimos sete anos, o Brasil passou a explorar o etanol de milho em larga escala, revolucionando a produção de carne bovina no país. Embora os bois não consumam etanol, os subprodutos gerados durante a fabricação do combustível, como os Grãos Secos de Destilaria (DDG), estão impactando diretamente a produtividade da pecuária, tornando o rebanho mais pesado e acelerando o tempo de engorda.

Atualmente, 21 usinas no Brasil utilizam o milho como matéria-prima principal para a produção de etanol, sendo que mais 22 projetos de novas unidades estão em andamento. Esses números refletem o avanço da indústria, que começou em Mato Grosso e se espalhou rapidamente pelo país. A produção de etanol de milho não só impulsionou o setor de biocombustíveis, mas também trouxe uma transformação significativa para a cadeia de produção de carne, com os subprodutos da destilação do grão assumindo um papel crucial na alimentação do gado.

A Ascensão dos DDGs na Nutrição Animal

Os DDGs, subprodutos do processo de destilação do milho, são ricos em proteína e energia, o que os torna uma opção altamente eficiente para a engorda do gado. “O advento do DDG no Centro-Oeste mudou completamente a produtividade e o custo da terminação do gado”, afirma Edson Ticle, diretor financeiro do frigorífico Minerva. Segundo ele, esses subprodutos reduziram os custos de produção e aumentaram o peso dos animais, encurtando o tempo de abate.

O impacto desse alimento é tão grande que, segundo Juliano Fernandes, professor de Nutrição de Ruminantes da UFG, o milho passou a ser visto como uma commodity altamente rentável graças à expansão das usinas de etanol. O DDG tem sido especialmente útil em períodos de seca, comum no Centro-Oeste brasileiro, garantindo a nutrição adequada do rebanho mesmo em condições adversas.

Gado Mais Pesado em Menos Tempo

Os ganhos proporcionados pelo DDG são visíveis no aumento de peso dos bois em um curto espaço de tempo. Segundo Flávio Portela, professor de Zootecnia da Esalq-USP, a inclusão de 40% de DDG na dieta dos bovinos pode resultar em um ganho de até 12 kg de carcaça por boi em 100 dias de confinamento. Esse aumento de peso permite que os animais atinjam o ponto ideal de abate mais rapidamente, elevando a eficiência da pecuária.

Além disso, a inclusão dos DDGs tem ajudado a encurtar os ciclos pecuários, tradicionalmente longos, contribuindo para que o setor alcance novos patamares de produtividade. O Brasil, que já abate cerca de 39 milhões de cabeças de gado por ano, vê nos DDGs um aliado para manter e aumentar essa capacidade, mesmo diante de flutuações no mercado.

Expansão dos Coprodutos na Cadeia Alimentar

Embora o uso do DDG já esteja consolidado na pecuária de corte e leite, ele também começa a se expandir para outras áreas da produção de proteína animal, como a alimentação de suínos e aves. João Campos, CEO da Seara, observa que o DDG tem se mostrado eficaz na nutrição de suínos, enquanto ainda há desafios na aplicação para aves, que exigem estudos mais detalhados.

Para o mercado de proteína animal, o DDG tem se consolidado como um componente essencial, transformando o que antes era considerado um descarte industrial em um excelente alimento. No Brasil, a produção de DDG deve atingir 5,2 milhões de toneladas em 2024, um aumento de 28% em relação ao ano anterior, com parte significativa sendo exportada.

O Futuro da Carne Brasileira

Com o avanço do etanol de milho e o uso crescente dos DDGs, o Brasil fortalece sua posição como um dos maiores produtores de carne bovina do mundo. Os benefícios dessa inovação vão além do aumento da produtividade. Ao transformar o milho em um componente rentável para o setor de biocombustíveis e pecuária, o país equilibra sua produção de proteína animal e o desenvolvimento sustentável, criando um ciclo virtuoso para a economia.

O boi pode não beber etanol, mas o impacto da produção desse combustível é sentido diretamente no prato dos brasileiros e na economia global, colocando o Brasil em uma posição estratégica no mercado de carne bovina.





Siga-nos no Google News Portal CM7



Carregar mais