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Governo Lula diz que Fazenda recuou parcialmente sobre aumento do IOF para “evitar especulações”

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Governo Lula diz que Fazenda recuou parcialmente sobre aumento do IOF para "evitar especulações"

Brasil – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (23) que o governo federal decidiu revogar parte das medidas relacionadas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para evitar especulações e interpretações equivocadas sobre os objetivos da política econômica.

Segundo Haddad, após o anúncio do decreto que previa a elevação da alíquota do IOF para 3,5% sobre transferências relativas a aplicações de fundos no exterior, operadores do mercado financeiro procuraram o Ministério para alertar sobre possíveis efeitos colaterais. A decisão inicial, anunciada na tarde de quinta-feira (22), gerou reação imediata em bancos, corretoras e plataformas de investimentos, que passaram a emitir comunicados de urgência aos seus clientes.

“Depois do anúncio de ontem, às 17h, recebemos uma série de subsídios de pessoas que operam no mercado, salientando que aquilo poderia acarretar algum tipo de problema e passar uma mensagem que não era a que queria o Ministério da Fazenda”, declarou Haddad, em coletiva realizada em São Paulo na manhã desta sexta.

O ministro destacou que a alteração fazia parte de um conjunto de medidas fiscais com o objetivo de ampliar a arrecadação, mas que, ao perceber a possibilidade de interpretações equivocadas — especialmente de que o governo estaria buscando desestimular investimentos no exterior —, optou por rever o dispositivo.

“Esse item é muito residual dentro do conjunto de medidas. Entendemos, pelas informações recebidas, que valia a pena fazer essa revisão para evitar especulações sobre objetivos que não são da Fazenda nem do governo, como o de inibir investimentos fora do país. Não tinha nada a ver com isso”, esclareceu.

Medidas mantidas pela Fazenda

Apesar do recuo parcial, a maior parte das mudanças no IOF anunciadas pelo governo foi mantida. Entre as principais alterações que seguem em vigor, estão:

Seguros de vida: passa a incidir IOF de 5% sobre aportes mensais superiores a R$ 50 mil em planos com cobertura por sobrevivência;

Cooperativas de crédito: operações de crédito com valor anual superior a R$ 100 milhões passam a ser tributadas como empresas comuns;

Crédito empresarial: ajustes na alíquota do IOF tanto para empresas do Simples Nacional quanto para as demais, embora detalhes específicos ainda não tenham sido amplamente divulgados;

Operações com câmbio e moeda em espécie: IOF fixado em 3,5%. O governo, porém, esclareceu que remessas para investimento seguem com a alíquota anterior, de 1,1%;

Saída de recursos não especificada: operações financeiras envolvendo envio de recursos ao exterior, sem especificação, também passam a ter incidência de IOF de 3,5%.

Segundo estimativas do Ministério da Fazenda, o conjunto das medidas deverá gerar um impacto fiscal de R$ 54 bilhões, reforçando o esforço do governo em equilibrar as contas públicas e cumprir as metas do novo arcabouço fiscal.

Repercussão e desafios

A decisão do governo de recuar parcialmente foi bem recebida por setores do mercado financeiro, que temiam uma sinalização negativa aos investidores internacionais. Economistas avaliam, no entanto, que o episódio evidencia a sensibilidade das medidas fiscais e a necessidade de diálogo prévio com os agentes econômicos.

“Esse tipo de ajuste, feito após o anúncio, mostra que o governo está atento às reações do mercado, mas também expõe a dificuldade de calibrar medidas arrecadatórias sem afetar a confiança”, avalia a economista Laura Ramos, da consultoria MacroVisão.

O IOF, historicamente, é utilizado tanto como instrumento arrecadatório quanto regulatório, permitindo ao governo modular o fluxo de capitais e influenciar decisões econômicas estratégicas.

Enquanto a oposição critica o que chama de “improvisação fiscal”, o governo Lula reforça o discurso de responsabilidade e prudência. “A revisão foi uma demonstração de maturidade institucional e compromisso com a estabilidade”, finalizou Haddad.





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