Dólar e Bitcoin disparam com vitória de Trump na presidência dos EUA
Brasil – A vitória de Donald Trump na corrida presidencial dos Estados Unidos foi confirmada nesta quarta-feira (6), levando a uma movimentação intensa nos mercados financeiros globais. Com o retorno de Trump à Casa Branca, o dólar disparou, enquanto o Bitcoin alcançou um novo recorde histórico. A expectativa de que Trump promova políticas pró-negócios, como cortes de impostos e aumento de tarifas, impulsionou o otimismo dos investidores, mas também gerou preocupações sobre a inflação. O Partido Republicano também garantiu o controle do Senado, consolidando a base de apoio para o novo governo.
Após o anúncio da vitória, o dólar subiu 1,4% em relação a uma série de moedas, incluindo a libra, o euro e o iene. Na Ásia, o índice Nikkei 225 do Japão fechou em alta de 2,6%, enquanto o ASX 200 da Austrália encerrou o dia com um ganho de 0,8%. Nos Estados Unidos, os principais índices de ações devem abrir em forte alta, refletindo o fechamento positivo do Dow Jones, do S&P 500 e do Nasdaq, que subiram mais de 1% na última terça-feira.
Bitcoin atinge recorde com a expectativa de desregulamentação no setor
O valor do Bitcoin saltou US$ 6.000, superando a marca dos US$ 75 mil e ultrapassando seu recorde anterior registrado em março. A disparada reflete a expectativa de uma política de desregulamentação das criptomoedas, prometida por Trump. Contrariando o governo Biden, que adotou uma postura rigorosa em relação ao setor, Trump prometeu tornar os EUA o “centro global do Bitcoin e das criptomoedas”. Ele também indicou que planeja destituir Gary Gensler, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (SEC), famoso por suas restrições a ativos digitais.
A resposta dos investidores foi positiva, especialmente entre os apoiadores de criptomoedas, como Elon Musk, CEO da Tesla. Na abertura das bolsas europeias, as ações da Tesla em Frankfurt subiram mais de 14%, refletindo a confiança na nova administração e na agenda de apoio ao setor tecnológico e financeiro.
Impactos econômicos globais e tensões comerciais com a Ásia
Com a vitória de Trump, surgem preocupações sobre o comércio internacional, em particular nas economias asiáticas, que já enfrentam os impactos de sua retórica protecionista. Katrina Ell, da Moody’s Analytics, destaca que a política comercial de Trump “causa apreensão” na região, especialmente devido às tarifas agressivas prometidas para as importações chinesas. Na Ásia, o Índice Composto de Xangai fechou em queda de 0,1%, enquanto o Hang Seng de Hong Kong recuou 2,23%.
Além disso, o posicionamento mais isolacionista de Trump reaviva questões sobre Taiwan e uma possível resposta dos EUA a uma eventual agressão chinesa. Taiwan, uma grande produtora de semicondutores essenciais para a economia global, representa uma área sensível para a política externa norte-americana.
Expectativas econômicas e decisões de juros em foco
Nos próximos dias, os investidores estarão atentos ao Federal Reserve, que deve se pronunciar sobre as taxas de juros. Jerome Powell, presidente do banco central dos EUA, divulgará uma declaração nesta quinta-feira, e o mercado espera por sinais sobre possíveis ajustes monetários, considerando o cenário de inflação potencial sob o governo Trump.
A China, por sua vez, também deve anunciar nesta sexta-feira novas medidas para mitigar a desaceleração de sua economia, afetada pelas tensões comerciais e pela demanda interna em declínio.
Analistas globais, como Jun Bei Liu, da Tribeca Investment Partners, acreditam que os cortes de impostos e políticas pró-negócios prometidos por Trump podem impulsionar a inflação, o que pode pressionar o Federal Reserve a reconsiderar os cortes de taxas, levando a um ambiente econômico mais volátil e incerto.