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Crise no estreito de Ormuz: como o bloqueio do Irã pode parar a economia global e fazer disparar o preço do petróleo; vídeo

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Crise no estreito de Ormuz: como o bloqueio do Irã pode parar a economia global e fazer disparar o preço do petróleo

Mundo – O Estreito de Ormuz, uma passagem marítima de apenas 39 quilômetros de largura entre o Irã e Omã, tornou-se o epicentro das tensões globais. No domingo, 22 de junho de 2025, o parlamento iraniano aprovou o fechamento desse corredor vital, por onde passam 20% do petróleo e gás consumidos no planeta. A medida, ainda pendente da aprovação do aiatolá Ali Khamenei e do Conselho de Segurança do Irã, é uma retaliação à entrada dos Estados Unidos na guerra contra o país. Com apenas dois canais de navegação de três quilômetros cada, o bloqueio do estreito ameaça disparar os preços de combustíveis, encarecer produtos e mergulhar a economia global em uma crise sem precedentes.

A Importância do Estreito de Ormuz

Localizado entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã, o Estreito de Ormuz é a principal rota para exportação de petróleo e gás de países como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Apesar de sua largura total de 39 quilômetros, a passagem se estreita em dois corredores de apenas três quilômetros, usados por navios petroleiros que exigem grande profundidade. Esses canais, considerados águas internacionais pela ONU, são vulneráveis devido à proximidade com a costa iraniana, onde mísseis e drones podem atingir embarcações com facilidade.

Segundo a Administração de Informação de Energia (EIA) dos EUA, cerca de 20 milhões de barris de petróleo e gás transitam pelo estreito diariamente, representando um quinto do consumo global. A Ásia, especialmente China, Índia, Japão e Coreia do Sul, absorve 82% desse volume, com 70% destinado a esses quatro países. Um bloqueio, mesmo parcial, teria impactos devastadores.

Por que o Irã ameaça o estreito?

A decisão do parlamento iraniano reflete a escalada do conflito iniciado em 13 de junho de 2025, com os ataques dos EUA e Israel a instalações nucleares iranianas. Controlando a parte norte do estreito, o Irã tem poder estratégico para interromper o tráfego marítimo, apesar de o direito marítimo da ONU proibir bloqueios em águas internacionais. Na prática, a estreiteza dos corredores deixa os navios expostos a ataques, como ocorreu na Guerra dos Petroleiros (1980-1988), quando Irã e Iraque alvejaram embarcações comerciais.

Recentemente, entre 2023 e 2024, os Houthis, aliados do Irã no Iêmen, atacaram navios no Mar Vermelho, elevando fretes e forçando rotas alternativas. Um bloqueio em Ormuz seria ainda mais grave, dado seu papel central no comércio energético.

Impactos Econômicos de um Bloqueio

Um fechamento do Estreito de Ormuz traria consequências imediatas e de longo alcance:

Aumento dos Preços do Petróleo: Com 20% do suprimento global em risco, o preço do barril pode disparar, elevando combustíveis, transportes e produtos em todo o mundo.

Crise na Ásia: China, Índia, Japão e Coreia do Sul, altamente dependentes do petróleo do Golfo, enfrentariam escassez energética, afetando indústrias, cadeias de suprimento e consumidores.

Efeitos em Cadeia: O encarecimento do frete marítimo, como visto no conflito do Mar Vermelho, aumentaria o custo de bens, de eletrônicos a alimentos, impactando a inflação global.

Impacto no Irã: Embora o Irã também use o estreito para suas exportações, sua produção de petróleo é limitada por sanções americanas, reduzindo o impacto interno de um bloqueio.

Alternativas São Insuficientes

Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos construíram dutos para desviar parte do petróleo, mas a capacidade é de apenas 2,6 milhões de barris por dia – pouco mais de 10% do volume que passa por Ormuz. Rotas alternativas por terra ou mar são inviáveis para suprir a demanda global em curto prazo, tornando o estreito insubstituível.

Contexto Político e Riscos

A ameaça iraniana ocorre em um momento de tensão máxima, com os EUA e Israel intensificando ações militares. Embora o bloqueio dependa da aprovação de Khamenei, a história recente – incluindo ações bélicas americanas sem aval do Congresso – sugere que a teocracia iraniana pode agir unilateralmente. A possibilidade de ataques a navios por mísseis ou drones aumenta a incerteza.

Além disso, grupos aliados do Irã, como os Houthis, podem escalar ações no Mar Vermelho, ampliando a crise no transporte marítimo. A comunidade internacional, incluindo aliados asiáticos e europeus, pressiona por uma solução diplomática, mas o risco de uma paralisação do estreito permanece.

O Futuro da Economia Global

O Estreito de Ormuz, com seus corredores de três quilômetros, é mais do que uma passagem marítima: é a veia que alimenta a economia global. Um bloqueio, mesmo temporário, pode desencadear uma crise energética, inflacionária e logística, com impactos sentidos de Pequim a São Paulo. Enquanto o Irã pesa sua decisão, o mundo observa, ciente de que a estabilidade econômica depende de um estreito fio de água no Golfo Pérsico.





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