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Crescimento da economia brasileira deve cair pela metade em 2024, diz economista

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Crescimento da economia brasileira deve cair pela metade em 2024, diz economista

Brasil – O cenário econômico brasileiro para o ano de 2024 apresenta um equilíbrio delicado entre medidas de contenção e estímulo, com a taxa Selic elevada a 11,75% ao ano, enquanto o governo acelera os gastos. Esta dicotomia na política econômica levanta preocupações sobre as consequências futuras, com a possibilidade de manutenção de juros elevados para conter a inflação.

A taxa Selic, atualmente em patamares considerados restritivos, tem impacto direto nas expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para o próximo ano. Economistas projetam um crescimento mais modesto em 2024, com a mediana das expectativas situada em 1,51%, contrastando com os três anos anteriores de expansão próxima ou superior a 3%.

Claudio Considera, coordenador de contas nacionais do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV Ibre), destaca que “não há motivos para um crescimento mais forte”. O efeito da taxa Selic, somado a outros fatores, contribuirá para moldar o cenário econômico no curto prazo.

Dentre os fatores que podem impactar o desempenho econômico em 2024, destacam-se a menor contribuição da agricultura devido à previsão de queda na safra 2023/24, o arrefecimento da atividade econômica global, a redução do impulso fiscal apesar do viés expansionista dos gastos públicos, e o esgotamento do impulso das transferências de renda.

Os indicadores de atividade econômica já dão sinais de desaquecimento, conforme apontado pelo Monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas (FGV). O crescimento acumulado nos 12 meses até outubro foi de 2,9%, indicando uma desaceleração em relação à expansão anualizada de 3,6% registrada no final do primeiro trimestre.

O setor de serviços, vital para o PIB brasileiro, enfrentará uma desaceleração mais evidente, com o ritmo de crescimento anualizado caindo de 8,3% em dezembro de 2022 para 3,6% em outubro. Apesar disso, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projeta um crescimento de 2,7% para o setor em 2024, impulsionado pelos gastos públicos.

A agropecuária, que teve um papel destacado em 2023, enfrentará um desempenho mais tímido em 2024, de acordo com análises da MB Associados e da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Fatores como a estimativa de uma safra menor e questões climáticas, incluindo o fenômeno “El Niño,” contribuem para essa projeção.

Apesar dos desafios, a economia brasileira conta com o setor externo como uma fonte potencial de crescimento, impulsionada por exportações de produtos agrícolas e de petróleo. A aprovação de reformas estruturantes, como a tributária, é vista como uma perspectiva favorável para a competitividade das exportações brasileiras.

O investimento, essencial para o crescimento futuro, permanece como uma fonte de preocupação, mesmo com a redução na taxa Selic. Questões como a situação fiscal, o mercado de trabalho e as eleições municipais em outubro influenciarão a trajetória dos gastos públicos e do consumo das famílias.

Diante de um cenário complexo e desafiador, economistas e analistas concordam que a clareza em relação ao futuro, a flexibilização das regulamentações e uma visão de longo prazo são cruciais para impulsionar o investimento e promover um crescimento econômico mais robusto.


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