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Bolsa cai quase 2% com incerteza em relação ao impeachment

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SÃO PAULO – Em meio a um cenário político conturbado, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acelerou as perdas nesta tarde. O Ibovespa recuou 1,94%, aos 48.100 pontos, com os investidores incertos em relação à aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Já o dólar perdeu força em escala global após novas sinalizações sobre política monetária nos Estados Unidos. A moeda americana fechou cotada a R$ 3,645 para compra e a R$ 3,647 para venda, recuo de 0,89% ante o real.

Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H.Commcor, acredita que essa queda mais acentuada é reflexo de um cenário de maior incerteza – na mínima, o índice chegou a recuar 2,4%. O mau humor teve início pela manhã, com notícias de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria conseguido garantir votos suficientes para barrar o impedimento da presidente. No início da tarde, a informação de que o PP deve continuar na base do governo até a votação do impeachment acelerou esse movimento.

— Há um pouco de realização, já que a Bolsa subiu muito sem fundamento econômico para dar sustentação. Mas o mercado está mais indeciso e isso se traduz na queda. A Bolsa irá trabalhar com bastante volatilidade até a votação do impeachment — avaliou.

Por outro lado, cresce a expectativa de que novas notícias em relação às delações premiadas possam fazer o impeachment seguir adiante. Os agentes dos mercados financeiros têm sido favoráveis a uma mudança de governo, o que faz a Bolsa subir e o dólar cair quando há sinais de enfraquecimento no governo Dilma Rousseff.

— Não estamos em um dia de pessimismo geral. As Bolsas no exterior subiram um pouco. Mas ocorre uma realização natural após essa alta em dólar — avaliou Paulo Eduardo Nogueira Gomes, economista-chefe da Azmut Brasil.

Na Bolsa, o desempenho dos grandes bancos fizeram o Ibovespa ficarm em terreno negativo por todo o pregão. Gomes lembra que, em dólar, a Bolsa já subiu cerca de 20% no ano, o que justifica uma realização de lucros por parte dos investidores, em especial os estrangeiros.

SETOR FINANCEIRO PUXA BOLSA PARA BAIXO

As ações preferenciais (PNs, sem direito a voto) do Itaú Unibanco e do Bradesco recuaram, respectivamente, 2,86% e 3,06%. Os bancos têm o maior peso na composição do Ibovespa.

Ainda no segmento financeiro, as ações da BM&FBovespa fecharam com queda de 4,23% e as da Cetip subiram 1,06%. Pesou para esse desempenho a expectativa de que a Cetip possa aceitar a proposta de compra feita pela Bolsa, que comunicou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que não há nenhuma nova informação sobre o assunto que justifique a publicação de um fato relevante. A BM&FBovespa também anunciou nesta quarta-feira a compra de uma fatia da bolsa mexicana.

Contribuiu também para a queda do Ibovespa o desempenho dos papéis da Vale, que anunciou nesta quarta-feira uma redução nos investimentos. Os preferenciais caíram 2,39% e os ordinários tiveram recuo de 1,43%.

Já as ações da Petrobras caíram apesar da recuperação do preço do petróleo no mercado internacional. As preferenciais recuaram 3,19%, cotadas a R$ 7,58, e as ordinárias (ONs, sem direito a voto) fecharam o pregão com desvalorização de 0,91%, a R$ 9,73. No mercado internacional, os preços do petróleo estão em recuperação. O barril do tipo Brent subia 4,86%, a US$ 39,71, em horário próximo ao encerramento dos negócios no Brasil.

DÓLAR PERDE FORÇA

O dólar variou entre a mínima de R$ 3,638 e a máxima de R$ 3,71. O recuo mais intenso, pela manhã, ocorreu após uma entrada, considerada pontual, de recursos estrangeiros para o país. O andamento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, na comissão especial da Câmara dos Deputados, esteve no radar dos investidores durante todo o pregão. No entanto, a divulgação da ata da reunião do Federal Reserve (Fed, o bc americano) fez a moeda perder força em escala global, com o entendimento de que, com o Fed dividido, é menor a chance de uma alta de juros em abril.

— Há a questão do impedimento também do vice Michel Temer e a expectativa do parecer do relator da comissão do impeachment. O mercado está digerindo todas essas notícias — explicou Nogueira Gomes, da Azmut Brasil.

No exterior, o dólar operava com perdas, com variação negativa de 0,18% no “dollar index”, calculado pela Bloomberg, próximo ao fechamento do mercado de câmbio no Brasil.

Já no mercado acionário externo, os principais indicadores operam em alta. O Dow Jones subiu 0,64% e o S&P 500 tem alta de 1,05%. Na Europa, o DAX, de Frankfurt, registrou valorização de 0,64%. O CAC 40, da Bolsa de Paris, e o FTSE 100, de Londres, subiram, respectivamente, 0,81% e 1,16%.


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