Aviões da FAB que levam Ministros só têm combustível até 3 de agosto
Brasil – A Força Aérea Brasileira (FAB) está à beira de um colapso logístico. Com os tanques praticamente no limite, as aeronaves utilizadas para transportar autoridades, como ministros de Estado e chefes dos Três Poderes, têm combustível garantido apenas até o próximo dia 3 de agosto. A situação é resultado direto do bloqueio orçamentário de R$ 812,2 milhões imposto ao Comando da Aeronáutica (Comaer) em maio deste ano.
Segundo informações repassadas à coluna de Andreza Matais, do site Metrópoles, a FAB afirma que os efeitos do corte foram “severos” e atingiram praticamente todas as atividades da corporação, incluindo as áreas operacional, logística e administrativa.
Além dos voos com autoridades, missões estratégicas e humanitárias também estão ameaçadas, como o transporte aéreo de órgãos para transplantes — um serviço vital, que pode ser paralisado por falta de querosene de aviação (QAV).
Apesar do cenário crítico, o governo Lula não recuou em medidas que têm gerado polêmica: duas salas VIP da FAB estão sendo instaladas em Belém (PA) para atender autoridades que participarão da Conferência do Clima (COP 30), prevista para ocorrer no Brasil em 2025. A medida é vista por setores militares como um contraste simbólico frente à escassez de recursos básicos.
Orçamento engessado
O orçamento total da Aeronáutica em 2025 é de R$ 29,4 bilhões, mas R$ 23,7 bilhões estão comprometidos com pagamento de pessoal, incluindo aposentadorias e pensões. Restam apenas R$ 2,2 bilhões para custeio — onde entra o combustível — e mais R$ 1,6 bilhão para investimentos. Ou seja, menos de 15% dos recursos efetivamente disponíveis servem para manter as aeronaves em operação e prontas para voar.
Além da falta de combustível, a manutenção das aeronaves também está sendo comprometida, aumentando os riscos de indisponibilidade técnica e de segurança de voo.
Impacto político e institucional
A crise atinge em cheio a imagem do governo federal. Os aviões da FAB são utilizados regularmente por ministros, presidentes do Congresso, membros do Judiciário e até pelo próprio presidente da República. A paralisação dos voos pode se tornar um símbolo do descontrole fiscal e da fragilidade da máquina pública em meio a um cenário de promessas políticas e grandes eventos internacionais.
A menos de duas semanas do fim do estoque de combustível, a Aeronáutica aguarda uma resposta urgente do Ministério da Defesa e da equipe econômica, que, até o momento, não anunciaram medidas concretas para reverter o quadro.