“Zé Real” é preso após afirmar que mulher de delegado em Coari seria funcionária fantasma de Mayara Pinheiro; veja vídeos
Amazonas – O repórter independente José Raimundo Barreto Marques, conhecido como “Zé Real”, tornou-se a grande notícia do dia no município de Coari, a 363 quilômetros de Manaus, ao ser preso preventivamente na tarde de segunda-feira (24) por um suposto crime de roubo majorado, previsto no Artigo 157 do Código Penal Brasileiro. A prisão, conduzida pelo delegado José Barradas, titular da Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Coari, ocorreu poucas horas após Zé Real divulgar uma denúncia explosiva nas redes sociais, afirmando que a esposa de Barradas seria uma “funcionária fantasma” lotada no gabinete da deputada estadual Mayara Pinheiro (Republicanos), com salário de R$ 30 mil. No entanto, a prisão foi revogada no mesmo dia pela 1ª Vara da Comarca de Coari, levantando suspeitas sobre os reais motivos da ação policial.
A denúncia que abalou Coari
Por volta do final da manhã de segunda-feira, Zé Real publicou vídeos em suas redes sociais que rapidamente viralizaram entre os moradores de Coari. Com o tom característico de suas denúncias, ele declarou: “Bomba, bomba, bomba, minha gente! Funcionária fantasma, é isso mesmo. Mulher do delegado de Coari, doutor Barradas, é funcionária fantasma do gabinete da doutora Mayara. Ela não comparece no trabalho, só vai ver aqui em Coari. Por isso que, quando fala mal da prefeitura, começa essa perseguição do delegado contra o cara”. Nos vídeos, ele exibia o que alegava ser uma portaria oficial como prova da acusação, desafiando as autoridades e afirmando não temer represálias.
A denúncia de Zé Real apontava um suposto esquema envolvendo a deputada Mayara Pinheiro, filha do prefeito Adail Pinheiro, uma das figuras políticas mais influentes do Amazonas, e o delegado José Barradas, sugerindo que a esposa deste seria beneficiada com um salário de R$ 30 mil mensais sem exercer função efetiva.
Da prisão à liberdade em poucas horas
Logo após a divulgação dos vídeos, a DIP de Coari, sob comando de José Barradas, cumpriu um mandado de prisão preventiva contra Zé Real. A ação policial foi acompanhada de perto pela população, e imagens do repórter detido na delegacia circularam amplamente nas redes sociais. A defesa de Zé Real, liderada pelo advogado Raione Cabral, imediatamente contestou a prisão, alegando que o processo poderia ter sido forjado como retaliação e perseguição política.
Surpreendentemente, ainda na tarde de segunda-feira, a 1ª Vara da Comarca de Coari revogou a prisão preventiva, substituindo-a por medidas cautelares. Zé Real agora deve comparecer mensalmente à Secretaria da Vara até o dia 30 de cada mês, justificar suas atividades, evitar contato com testemunhas do processo e não deixar a cidade sem autorização judicial. A decisão, assinada pelo juiz responsável e registrada no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP), foi comemorada pelo repórter em um novo vídeo: “Estou em casa, livre. Quero agradecer ao doutor Raione Cabral, um dos melhores advogados que tem. Saiu uma dada de prisão pra mim hoje, mas conseguimos revogar. Não tenho nada contra o delegado, admiro o trabalho dele, mas expus a situação de forma profissional”.
O delegado José Barradas nega as acusações de Zé Real. Ele afirmou que a denúncia contra sua esposa “é uma asneira sem tamanho” e “totalmente infundada”. E que ela foi acusada de ganhar um salário maior até mesmo que do prefeito de Coari.