Trabalhadoras da saúde denunciam descaso das deputadas do AM sobre atrasos salariais: “Só defendem homens?”
Amazonas – Em pleno mês de dezembro, enquanto grande parte dos trabalhadores planeja celebrar as festas de fim de ano com suas famílias, muitas mulheres profissionais da saúde no Amazonas enfrentam uma realidade cruel: salários atrasados há mais de cinco meses, a falta de perspectiva e um silêncio ensurdecedor de suas representantes na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). A situação das enfermeiras, técnicas em enfermagem e outras profissionais que atuam na saúde pública estadual é alarmante, especialmente considerando que muitas delas sustentam sozinhas seus lares e filhos, sem a mínima assistência dos governantes e, mais ainda, de suas próprias deputadas estaduais.
Entre as responsáveis por defender os direitos dessas mulheres, estão as deputadas Alessandra Campêlo (Podemos), Mayra Dias (Avante), Débora Menezes (PL), Dra. Mayara Pinheiro (Republicanos) e Joana Darc (União Brasil). No entanto, para as profissionais da saúde, o que se observa é um cenário de total descaso. Enfermeiras e técnicas em enfermagem relataram uma crescente frustração com a falta de ação das parlamentares.
“É bem triste ver que temos cinco deputadas, como Alessandra Campêlo, Joana Darc, Débora Menezes, Mayra Dias e Mayara Pinheiro, e elas não estão fazendo nada por nós. Não vemos repercussão, não ouvimos entrevistas, não vemos um posicionamento delas. O que elas estão fazendo lá? Defendendo os homens? Porque é o que parece”, desabafou uma técnica em enfermagem. As palavras expressam não só um sentimento de abandono, mas também uma crítica contundente à falta de compromisso das parlamentares com a classe feminina da saúde, uma categoria majoritariamente composta por mulheres que enfrentam condições de trabalho precárias e que, agora, se veem sem o básico: o pagamento por seu trabalho.
Em um cenário de desespero, com promessas vazias do governo Wilson Lima (União Brasil), que repete um ciclo de negligência com os servidores públicos, as profissionais da saúde seguem aguardando, sem saber quando ou se receberão o que é devido. Muitas delas, em situação de atraso de pelo menos cinco meses de salário, veem suas condições de vida se deteriorando, sem nenhuma intervenção efetiva das deputadas que supostamente deveriam representá-las.
O silêncio das deputadas é ainda mais grave quando se leva em conta que todas elas fazem parte da Comissão da Mulher, da Família e da Pessoa Idosa da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), responsável por tratar de questões fundamentais como os direitos das mulheres e o combate às violações de direitos sociais. A deputada Alessandra Campêlo, presidente da comissão, e Mayra Dias, vice-presidente, junto com Débora Menezes, Dra. Mayara Pinheiro e Joana Darc, membros titulares, têm em suas mãos o poder de agir em defesa das mulheres, especialmente em um momento tão crítico como o que as profissionais da saúde enfrentam. No entanto, a falta de respostas das assessorias dessas deputadas reflete um abandono político e social com as trabalhadoras que garantem o funcionamento do sistema de saúde estadual.
Dra. Mayara Pinheiro, inclusive, preside a Comissão de Saúde e Previdência da Aleam, órgão com a responsabilidade de fiscalizar o sistema de saúde estadual e garantir o cumprimento da legislação relacionada à saúde e à previdência social. No entanto, a situação das profissionais da saúde mostra que, até agora, a comissão presidida por ela falhou em representar as necessidades reais da classe, especialmente em tempos de crise.
Ao mesmo tempo, o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Saúde (SES-AM), continua sua trajetória de promessas não cumpridas, deixando de garantir condições mínimas para que esses trabalhadores recebam o que é devido por seu esforço diário. O efeito disso é devastador: mulheres com filhos para sustentar, sem saber quando poderão pagar suas contas, ou até mesmo comemorar o Natal com dignidade, como qualquer trabalhador merece.
As deputadas citadas têm uma obrigação clara, não só como mulheres, mas como representantes eleitas pela população, de lutar pelos direitos daquelas que mais precisam de apoio. Se não o fazem, falham em sua função e deixam uma parcela significativa da sociedade sem voz, sem representatividade e sem a mínima condição de subsistência.
O que se espera de uma representante política é ação, não silêncio. As mulheres da saúde merecem respeito, dignidade e uma postura firme de suas deputadas. Até que isso aconteça, elas continuarão na luta, sozinhas, enfrentando um cenário de abandono que poderia, e deveria, ser diferente.
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Créditos: Amazonas Press.