Suprema Corte dos EUA abre caminho para Trump deportar 350 mil venezuelanos
Mundo – A Suprema Corte dos Estados Unidos retirou, nesta segunda-feira (19/5), a proteção legal de cerca de 350 mil venezuelanos, medida que abre caminho para o governo do presidente Donald Trump retomar sua política de deportações em massa. A decisão judicial representa uma virada significativa na abordagem migratória norte-americana e amplia o alcance das ações repressivas do atual governo contra imigrantes de países em crise.
O tribunal revogou a decisão anterior do juiz federal Edward Chen, de São Francisco, que mantinha o Status de Proteção Temporária (TPS, na sigla em inglês) para venezuelanos residentes nos EUA. Chen havia determinado que a condição instável da Venezuela — marcada por colapso econômico, repressão política e crises humanitárias — justificava a permanência legal de seus cidadãos em solo norte-americano.
A decisão da Suprema Corte reestabelece a medida da secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, que em abril havia determinado o fim da proteção aos venezuelanos. Com isso, milhares de imigrantes correm o risco iminente de deportação.
O TPS é um programa criado para oferecer estadia legal temporária a cidadãos de países afetados por conflitos armados, desastres naturais ou emergências humanitárias severas. Em janeiro deste ano, o governo do ex-presidente Joe Biden havia prorrogado o benefício para venezuelanos por mais 18 meses, estendendo sua validade até outubro de 2026.
Segundo o Pew Research Center, até março de 2024, mais de 1,2 milhão de pessoas haviam sido beneficiadas ou eram elegíveis para o TPS — sendo os venezuelanos o maior grupo.
A revogação do benefício impacta diretamente milhares de famílias que se estabeleceram nos Estados Unidos, muitas delas com vínculos trabalhistas, filhos nascidos em território americano e laços comunitários sólidos.
Desde que reassumiu a presidência, Donald Trump tem intensificado a política de tolerância zero com a imigração, marcada por deportações, construção de barreiras físicas na fronteira com o México e desmonte de programas de proteção.
Além dos venezuelanos, Trump também revogou permissões especiais de entrada e permanência para cubanos, haitianos e nicaraguenses que possuíam patrocinadores legais nos EUA, numa guinada que sinaliza o endurecimento generalizado contra migrantes de países latino-americanos em situação crítica.
O governo também passou a oferecer incentivos financeiros — como até US$ 1.000 por pessoa — para estrangeiros que aceitarem deixar o país voluntariamente.
A decisão da Suprema Corte foi recebida com críticas por organizações de direitos humanos, que denunciam o risco de deportação para países onde os cidadãos enfrentam perseguição política, fome e violência extrema.
“A revogação do TPS para os venezuelanos coloca vidas em risco e desmantela anos de esforços humanitários dos Estados Unidos. Muitos desses imigrantes não têm mais para onde voltar”, afirmou em nota a organização Human Rights First.
Com a decisão desta segunda-feira, o governo Trump ganha respaldo legal para iniciar processos de deportação em massa, o que pode gerar um novo embate entre autoridades federais e estados que tradicionalmente acolhem imigrantes, como Califórnia e Nova York.
Analistas veem a medida como parte de uma estratégia política de Trump para reforçar sua base eleitoral conservadora, especialmente diante das eleições presidenciais de 2028.
Enquanto isso, milhares de famílias imigrantes vivem agora em insegurança jurídica, temendo o impacto direto da decisão nos próximos dias.
A Secretaria de Segurança Interna ainda não divulgou um cronograma oficial para o início das deportações. Porém, fontes do governo indicam que ações operacionais podem começar já nas próximas semanas.