Roberto Cidade transforma emenda parlamentar em vitrine eleitoral para o pai já de olho nas eleições de 2026
Amazonas – A reinauguração da Praça da Bandeira, em Manicoré, no último 5 de setembro, revelou mais uma vez o uso do Estado como instrumento de promoção pessoal e perpetuação familiar no poder. O evento, bancado com recursos públicos via emendas do presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALEAM), deputado Roberto Cidade (União Brasil), virou palanque improvisado para seu pai, Robertão Cidade — figura sem qualquer cargo oficial, mas tratada como liderança política local. O gesto não foi casual: Robertão já articula sua candidatura a deputado estadual em 2026, enquanto o filho prepara terreno para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados.
A atuação da família Cidade segue um roteiro conhecido na política regional: obras públicas como vitrine eleitoral, mandatos como herança, e solenidades financiadas pelo contribuinte convertidas em campanha antecipada. A praça, que deveria simbolizar investimento coletivo, foi usada como palco para consolidar uma dinastia que não disfarça sua intenção de ocupar, de forma alternada e coordenada, diferentes esferas de poder.
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Polêmicas em série
A família Cidade, aliás, não é estranha às polêmicas. Recentemente, Roberto Cidade foi alvo de críticas após divulgar imagens de uma viagem à Grécia, onde aparece consumindo carne folheada a ouro — uma exibição de luxo que destoa completamente da realidade da maioria dos amazonenses. O episódio reforçou a imagem de um político mais preocupado com ostentação do que com representatividade.
Mais recentemente, na mesma semana da visita a Manicoré, o deputado lançou o aguardado concurso público da ALE-AM, com 100 vagas imediatas e 263 para cadastro de reserva. No entanto, o edital ignorou a Lei nº 15.142/2025, que determina a reserva mínima de 30% das vagas para candidatos negros (pretos e pardos). A omissão contraria a legislação federal, fere os princípios de inclusão e diversidade, e desconsidera a composição étnico-racial da população amazonense — marcada historicamente pela presença de povos indígenas, afrodescendentes e comunidades tradicionais.



