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“Rachadinha Petista”: ex-diretor do IAJA formaliza denúncia sobre suposto esquema de corrupção de Anne Moura; veja

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Denúncia de ex-diretor do IAJA expõe suposto esquema de “Rachadinha” e corrupção de Anne Moura; veja

Manaus – Uma grave denúncia protocolada por Marcos Jeremias dos Santos Rodrigues, ex-diretor presidente do Instituto de Articulação de Juventude da Amazônia (IAJA), coloca em xeque a gestão da entidade e aponta para um suposto esquema de corrupção liderado por Anne Karolyne Moura de Souza, co-fundadora do instituto e figura influente no cenário político amazonense.

Em um documento detalhado, registrado como notitia criminis com base na Constituição Federal e no Código de Processo Penal, Marcos acusa Anne de desviar recursos públicos para financiar seu projeto político pessoal, incluindo uma eleição que ela descreveu como essencial. “Eu preciso de dinheiro pra ganhar a eleição. Me mande todo dinheiro possível”, teria dito Anne em conversas registradas em atas notariais.

Leia também: “Esquerda do AM em crise”: após ser expulso, ex-presidente do IAJA acusa Anne Moura de desviar recursos públicos

O IAJA, uma organização sem fins lucrativos que opera com recursos de termos de fomento e colaboração do governo federal e do Governo do Amazonas, teria se transformado, segundo a denúncia, em uma ferramenta para atender aos interesses eleitorais de Anne Moura. Marcos, que ingressou no instituto em 2014 a convite da própria Anne e assumiu a presidência entre 2020 e 2023, com recondução até 2026, relata ter sido excluído da entidade em dezembro de 2024, após uma assembleia extraordinária que ele classifica como retaliatória. O motivo? Sua recusa em participar de transferências suspeitas e entregar seu salário para a noticiada, o que ele chama de “violência política” e “assédio”.

Recursos públicos em jogo

Os números apresentados na denúncia impressionam. O IAJA gere recursos que somam mais de R$ 3,1 milhões, provenientes de fontes como o Ministério da Cultura (R$ 1,99 milhão), o Ministério do Trabalho e Emprego (R$ 1,2 milhão) e uma emenda parlamentar do Governo do Amazonas (R$ 150 mil). Segundo Marcos, parte desses valores foi desviada por meio de práticas como “rachadinha” – devolução de salários por colaboradores – e pagamentos a empresas de fachada. Ele estima que pelo menos R$ 138 mil foram desviados em 2024, com a justificativa de financiar a campanha de Anne.

Veja:

A denúncia detalha a existência de quatro contas no Banco do Brasil vinculadas ao IAJA, geridas por ordenadores como Marcos, Aline Rocha Ponchet (diretora financeira) e Samara Pantoja Marinho (diretora interina). Após sua exclusão, Marcos perdeu acesso às movimentações, mas afirma que as decisões financeiras eram centralizadas por Anne e seus aliados, como Ruan Octávio, atual coordenador do escritório do Ministério da Cultura no Amazonas, e Aline Rocha, sua assessora de confiança.

Uma rede de “laranjas” e empresas

O suposto esquema envolveria uma pirâmide de empresas e pessoas de confiança de Anne, muitas filiadas ao PT, partido no qual ela atua como secretária nacional de mulheres. Entre as empresas citadas estão Girassol Gourmet, Posto Cordeiro Transp Comb LTDA e AM.DA COSTA Empreendimentos, além de CNPJs ligados a diretores do IAJA, como Ana Vitória Gomes da Silva e Aline Rocha Ponchet. Segundo Marcos, essas entidades prestariam serviços fictícios ou superfaturados para justificar saques e transferências. “Tudo tinha que estar alinhado com a agenda política dela”, diz ele, apontando que atas e gravações de reuniões eram evitadas para proteger a imagem de Anne.

Em uma das conversas registradas, Anne teria admitido que os projetos do IAJA só eram aprovados por seu prestígio no governo federal. “O projeto é meu. Eu vou te colocar lá pra vigiar elas”, disse ela a Marcos sobre o “Onda Verde”, um projeto de R$ 6 milhões. A denúncia sugere que cargos e percentagens eram negociados para garantir o controle dos recursos, enquanto a execução dos projetos sociais, como o Programa Kurumim Kunhatai e o Comitê de Cultura, era negligenciada.

Veja:

Exclusão e ameaças

Marcos relata ter sido manipulado emocionalmente por Anne durante anos, atuando como coordenador geral e responsável por articulações com movimentos sociais e órgãos de controle. Sua resistência aos desvios, porém, o tornou um obstáculo. “Quando questionei, fui excluído sumariamente. Era ela quem mandava, e eu não podia mais aceitar”, afirmou. Ele cita episódios de pressão psicológica, como a resposta de Anne em uma troca de mensagens: “Marcos, me respeita e avalia bem o que você tá falando pra mim. Eu não vou admitir ameaças”.

A denúncia foi encaminhada às autoridades com base nos artigos 5º e 129 da Constituição Federal, pedindo investigação por crimes contra a administração pública, como peculato, corrupção ativa e passiva, e lavagem de dinheiro. Enquanto Anne Moura não se pronunciou oficialmente, o caso promete agitar o cenário político de Manaus, expondo as entranhas de uma organização que age sob o verniz de promotora de projetos e ações sociais.

Veja denúncia na íntegra:





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