Prefeito de Benjamin Constant gasta mais de R$1,5 milhão com empresa que cria peixes para consertar carros e máquinas pesadas
Amazonas – Em Benjamin Constant, no interior do Amazonas, definitivamente entrou para o rol das cidades inovadoras do país e não estamos falando de tecnologia de ponta ou avanços na educação.
A criatividade está no setor de licitações públicas. A prefeitura do município acaba de firmar um contrato milionário, no valor de R$ 1.531.854,20, com a empresa André Almeida da Silva LTDA-EPP, para realizar serviços especializados como lavagem, polimento, manutenção preventiva e corretiva de veículos, consertos de pneus, reparos em sistemas mecânicos, elétricos e eletrônicos, além do fornecimento de peças e acessórios para a frota do município, incluindo máquinas pesadas.
Até aí, tudo bem. O detalhe curioso e absolutamente técnico é que a empresa contratada é especializada em comércio atacadista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios, e também atua, vejam só, na criação de peixes em água doce.
Sim, você não leu errado. A firma que pode colocar sua tambaqui à mesa também pode trocar o óleo da retroescavadeira.
Afinal, quem disse que uma empresa que lida com tucunaré não pode também consertar uma Hilux da prefeitura?
Mas, pelos olhos atentos da Prefeitura de Benjamin Constant, a empresa tem capacidade técnica e mecânica para garantir a frota funcionando, do parachoque ao escapamento, com direito a alinhamento e balanceamento provavelmente com farinha e tucupi como brinde.
O contrato, como informa o extrato publicado, cobre os serviços de várias secretarias municipais. Ou seja, todo e qualquer veículo da prefeitura, inclusive os de setores sensíveis como saúde e educação, será assistido por uma empresa cuja missão empresarial original passa bem longe de qualquer oficina mecânica.
A população, claro, merece saber: os carros vão andar mais com a ração de peixe ou com a graxa de tambaqui? A cada revisão, vai um kit de limpeza com pirarucu seco e óleo de dendê?
Ironias à parte, o caso chama atenção para a flexibilidade criativa ou irresponsabilidade administrativa de alguns gestores públicos na escolha de prestadores de serviços.
Afinal, com mais de R$ 1,5 milhão envolvidos, o mínimo que se espera é que o contrato seja com uma oficina, e não com um entreposto de alimentos.
Resta saber se, em breve, os peixes também começarão a fazer alinhamento eletrônico ou se a próxima licitação será para construção civil feita por uma sorveteria.
Enquanto isso, em Benjamin Constant, o contribuinte só pode torcer para que seus impostos não sejam gastos em peixarias mecânicas e oficinas alimentícias.
Afinal, criatividade tem limite. Ou deveria ter.
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