Polícia Federal prepara cela especial para eventual prisão de Bolsonaro
Brasil – A Polícia Federal já deixou pronta uma cela especial na Superintendência da corporação no Distrito Federal para o caso de uma eventual prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O espaço foi montado no térreo da sede, no Setor Policial Sul, e segue o modelo de acomodações destinadas a ex-chefes de Estado em situações de custódia provisória.
A chamada “cela de Bolsonaro”, como policiais têm se referido ao local, conta com banheiro privativo, cama, mesa de trabalho, cadeira e televisão. O formato lembra a estrutura que abrigou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Curitiba, entre 2018 e 2019, durante a Operação Lava Jato.
O tratamento diferenciado não é novidade. Em 1992, após sofrer processo de impeachment, Fernando Collor de Mello também foi custodiado em uma sala adaptada em Maceió (AL). Juristas explicam que a prerrogativa de permanecer em cela especial decorre da condição de ex-presidente da República.
No caso de Bolsonaro, a PF ressalta que o espaço não foi montado exclusivamente para ele, mas sim como uma alternativa para custódia de qualquer autoridade. A preparação do ambiente ocorreu há cerca de três meses, após consultas entre a cúpula da corporação e a Vara de Execuções Penais do Distrito Federal.
Alternativas em discussão
Delegados afirmam que, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) determine a prisão em regime fechado, diferentes possibilidades estão em estudo. Entre elas, a custódia em unidade militar, em batalhão da Polícia Militar do DF — como ocorreu com o ex-ministro Anderson Torres — ou na própria Superintendência da PF.
Se a última opção prevalecer, a cela já está pronta para receber o ex-presidente.
Novo indiciamento
A movimentação ocorre em meio ao avanço das investigações contra Bolsonaro. Nesta quarta-feira (20), ele foi indiciado novamente pela PF pelos crimes de coação no curso de processo e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
De acordo com a corporação, Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) teriam atuado para tentar “ludibriar” autoridades norte-americanas e obter apoio externo, com o objetivo de fragilizar a Justiça brasileira e interromper o julgamento da trama golpista na qual o ex-presidente é réu.


