Nepotismo eleitoral: Joana Darc e Felipe Souza querem ser deputados federais após colocarem parentes na política
Amazonas – A política no Brasil, muitas vezes, parece um negócio de família. Deputados estaduais como Joana Darc e Felipe Souza, figuras conhecidas no cenário político do Amazonas, exemplificam essa prática ao alavancar familiares para cargos eletivos enquanto planejam voos mais altos para si próprios.
Ambos já conseguiram eleger parentes próximos: Joana Darc viu seu marido, Aldenor Lima, garantir uma cadeira na Câmara Municipal, enquanto Felipe Souza celebrou a reeleição de sua filha, Thaysa Lippy, como vereadora. Agora, os dois deputados miram o Congresso Nacional, com planos de se candidatar a deputados federais em 2026, apoiados pela estrutura política que construíram, incluindo o peso de seus familiares já inseridos no poder municipal e os recursos de seus mandatos estaduais. Essa prática tem um nome: nepotismo eleitoral.
Embora não seja ilegal, ela levanta sérias questões éticas. O uso de cargos públicos — como gabinetes, assessores e a visibilidade proporcionada pelo mandato — para impulsionar campanhas de familiares cria uma vantagem desleal. Quem não tem acesso a essa rede de influência enfrenta barreiras quase intransponíveis para entrar na política, reforçando um sistema que privilegia os mesmos sobrenomes.
“Isso é um ciclo vicioso. Quem está no poder tem mais recursos, mais visibilidade, e usa isso para manter a família no comando”, critica um analista político local, que preferiu não se identificar.
Os riscos do nepotismo eleitoral vão além da falta de renovação política. Quando membros da mesma família ocupam cargos simultaneamente, aumentam as chances de práticas como clientelismo, tráfico de influência e até voto combinado, em que alianças familiares garantem apoio mútuo em diferentes esferas do poder.
No caso de Joana Darc e Felipe Souza, a influência de seus mandatos estaduais e a presença de parentes em cargos municipais criam uma rede de apoio que fortalece suas ambições para 2026, mas também alimenta a percepção de que a política serve mais aos interesses de clãs do que ao bem público.O impacto disso é sentido diretamente pela população. A prática do nepotismo eleitoral reforça a desconfiança na política e a ideia de que “é tudo farinha do mesmo saco”.
Enquanto famílias políticas se perpetuam, novas vozes, especialmente de grupos menos privilegiados, encontram pouco espaço para emergir. “A política vira um clube fechado, onde o sobrenome pesa mais que as ideias”, comenta Maria Silva, eleitora de Manaus. “Como confiar em quem parece mais preocupado em manter a família no poder do que em resolver nossos problemas?”
No Brasil, legislações como a Súmula Vinculante 13 do Supremo Tribunal Federal tentam coibir o nepotismo em cargos públicos, mas o nepotismo eleitoral opera em uma zona cinzenta. Ele não é explicitamente proibido, o que permite que políticos usem suas posições para promover parentes sem violar a lei.
Contudo, a repetição de sobrenomes em cargos eletivos levanta uma questão fundamental: a política está a serviço do povo ou de dinastias familiares?