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Mourão chama operação da PF de “devassa persecutória” e diz que “Forças Armadas não podem mais se omitir”; veja vídeo

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Mourão chama operação da PF de "devassa persecutória" e diz que "Forças Armadas não podem mais se omitir"; veja vídeo

Brasil – No centro de uma controvérsia política e jurídica, a Operação Tempus Veritatis, conduzida pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira, 8 de fevereiro, ganhou novos contornos com a manifestação do senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS). O parlamentar, em declarações contundentes no plenário do Senado, criticou veementemente a ação da PF, rotulando-a como uma “devassa persecutória” e advertindo que as “Forças Armadas não podem mais se omitir” diante de tal condução.

A operação, que teve como alvos militares de alta patente e aliados políticos sob a acusação de tentativa de golpe de Estado, desencadeou uma série de eventos que abalaram o cenário político nacional.

Entre os 33 alvos de mandados de busca e apreensão estavam os generais da reserva Augusto Heleno e Braga Netto, figuras proeminentes que ocuparam cargos ministeriais durante o governo Bolsonaro.

Mourão, em seu pronunciamento, destacou a importância da imparcialidade e do respeito ao devido processo legal, enfatizando que “nenhuma suposta ameaça ao Estado Democrático de Direito justifica a devassa persecutória ao arrepio da lei”. O senador alertou ainda para os perigos de um caminho rumo ao totalitarismo, destacando a gravidade do momento político vivido pelo país.

A ação da PF, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), resultou na prisão de ex-assessores próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo Marcelo Câmara, militar da ativa e ex-ajudante de ordens, e Filipe Martins, ex-assessor internacional do governo. Além disso, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também foi alvo de mandado de busca e apreensão.

Um aspecto crucial da operação foi o pedido para que Jair Bolsonaro entregasse seu passaporte em um prazo de 24 horas, uma medida emblemática que reflete a profundidade das investigações em curso.

O relatório da PF, que fundamentou a operação, revelou detalhes perturbadores sobre supostos planos de golpe de Estado. Segundo o documento, uma minuta do golpe teria sido elaborada por Filipe Martins e Amauri Feres Saad, com a participação do ex-presidente Bolsonaro. A minuta inicial incluía pedidos de prisão de autoridades importantes, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e ministros do STF.
O documento da PF também destaca a intensidade da vigilância sobre o ministro Alexandre de Moraes, indicando uma série de monitoramentos realizados pelos investigados.

Até Padre foi alvo da Operação encomendada pelo STF

Além dos nomes já mencionados, a operação teve desdobramentos inesperados, como o envolvimento do padre José Eduardo de Oliveira e Silva, figura respeitada na comunidade católica brasileira. O religioso foi mencionado como parte do “núcleo jurídico” do suposto esquema golpista, com a responsabilidade de assessoramento e elaboração de minutas de decretos.

As reações à operação foram diversas, com defensores do padre expressando solidariedade e criticando o que chamam de “terrorismo judicial”, enquanto detratores lançam ofensas e acusações.

Em uma nota de esclarecimento, o padre José Eduardo de Oliveira e Silva reiterou seu compromisso com os preceitos constitucionais e afirmou que sempre agiu dentro dos limites de seu sacerdócio, defendendo o respeito à ordem estabelecida e à privacidade daqueles que buscam sua orientação espiritual. Veja nota na íntegra:

Nota de Esclarecimento

Para tranquilizar os fiéis, os amigos e o público em geral, que demonstrou preocupação pela notícia veiculada no noticiário nacional, indicando ter havido busca e apreensão em minha residência, venho a público esclarecer o que se segue. Agradeço, primeiramente, pelas diversas manifestações de carinho e preocupação, sobretudo pelas orações.

Na manhã do dia 8 de fevereiro, recebi a visita de agentes da Polícia Federal na Igreja onde resido e celebro diariamente a Santa Missa, apresentando-me mandato de busca e apreensão de meu passaporte, celular e o computador; mandato este expedido nas investigações do “inquérito dos atos antidemocráticos”. Esclareço que os policiais foram extremamente respeitosos e técnicos, explicando-me que estavam cumprindo ordens. Agradeço à Polícia Federal pelo respeito e decoro com que me trataram e também aos meus pertences.

Como é de conhecimento de todos, sou padre e professor universitário, dedico minha vida ao exercício do sacerdócio e do magistério, especialmente nas áreas de filosofia e teologia, na qual sou doutor.

Como sacerdote católico, tenho a vida voltada para o atendimento ao público em geral. Sou pároco de uma pequena Igreja na periferia de São Paulo, na cidade de Osasco, e, no último dia 4 de fevereiro, completei 18 anos de ministério sacerdotal. Desde minha ordenação, minha atividade ministerial sempre foi desempenhada dentro dos limites previstos para o exercício do sacerdócio: administração dos sacramentos, pregação, atendimento de confissão e direção espiritual, oração e bênção para aqueles que precisam de auxílio.

Como padre católico, atendo diversas pessoas. Sou chamado para auxílio espiritual não apenas dos frequentadores da minha paróquia, mas também de todos aqueles que espontaneamente me procuram com assuntos dos mais variados temas. Como é meu dever, preservo a privacidade de todos eles, visto que os dilemas que me apresentam são sempre de foro interno.

Em relação ao referido “inquérito dos atos antidemocráticos”, minha posição sobre o assunto é clara e inequívoca: a República é laica e regida pelos preceitos constitucionais, que devem ser respeitados. Romper com a ordem estabelecida seria profundamente contrário aos meus princípios. Abaixo de Deus, em nosso país, está a Constituição Federal. Portanto, não cooperei nem endossei qualquer ato disruptivo da Constituição. Como professor de teologia moral, sempre ensinei que a lei positiva deve ser obedecida pelos fiéis, dentre os quais humildemente me incluo.

Estou inteiramente à disposição da justiça brasileira para qualquer eventual esclarecimento, recordando o dever de toda a sociedade de combater qualquer tipo de intolerância religiosa. A única missão na minha vida é o meu trabalho sacerdotal. Por isso, preciso de um “tratador” que me faça compreender os passos jurídicos decorrentes desta inusitada e inesperada situação e que me ajude a atender com precisão os pedidos do Poder Judiciário. Por isso, constituo meu “tratador” o Dr. Miguel da Costa Carvalho Vidigal, advogado, que saberá dar respostas jurídicas pertinentes ao assunto. Ainda não obtivemos acesso aos autos, o qual esperamos obter nos próximos dias.

Como sacerdote, pretendo continuar meu ofício religioso, portanto, toda e qualquer comunicação sobre o assunto pode ser direcionada diretamente ao meu “tratador”.

Espero que tudo seja esclarecido o mais rápido possível. Estou em oração, especialmente pela justiça brasileira, para que Deus nos conduza sempre. Que Ele abençoe a todos!

Pe. José Eduardo de Oliveira e Silva

Osasco, 8 de fevereiro de 2024, dia de Santa Josefina Bakhkita, padroeira dos escravos e intercessora dos sequestrados.

 


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