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Ministros Campbell e Lewandowski exaltam a importância do CCPI: ‘sede da união internacional para combater crimes na Amazônia’

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Ministros Campbell e Lewandowski exaltam a importância do CCPI: ‘sede da união internacional para combater crimes na Amazônia'

Manaus – Em um marco histórico para a segurança e a preservação da maior floresta tropical do mundo, a Polícia Federal inaugurou, nesta terça-feira (17), o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI Amazônia), em Manaus. Localizado na Rua Jurema, bairro Dom Pedro, o centro é uma das principais entregas do Plano Amazônia: Segurança e Soberania (Plano Amas), do Governo Federal.

A cerimônia de lançamento contou com a presença de autoridades de peso, como o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, o Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Mauro Campbell, e o Diretor-Geral da PF, Andrei Rodrigues, além de representantes civis e militares. O CCPI Amazônia surge como uma resposta ousada e estratégica às ameaças transnacionais que assolam a região, consolidando o Brasil como protagonista na proteção da Amazônia e na luta contra o crime organizado.

Um Farol de Cooperação na Amazônia

O CCPI Amazônia não é apenas um prédio com tecnologia de ponta; é um símbolo de união e determinação. Projetado para ser o “núcleo vital” da cooperação policial, o centro promove a integração entre forças de segurança do Brasil, dos estados da Amazônia Legal e de países vizinhos que compartilham o bioma amazônico, além de organizações internacionais como Interpol e o Gabinete das Nações Unidas para Drogas e Crime. Seu objetivo é claro: fortalecer o combate a crimes transnacionais, como tráfico de drogas, armas, contrabando e, sobretudo, crimes ambientais que ameaçam a floresta e suas comunidades.

A criação do centro é fruto de compromissos firmados na Carta de Belém, assinada em agosto de 2023 durante a Cúpula da Amazônia, que reuniu os oito países membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). Com um orçamento inicial de R$ 16,3 milhões, viabilizado por meio de parcerias com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), via Fundo Amazônia, o CCPI está equipado com tecnologia avançada para facilitar o intercâmbio de informações, a inteligência policial e a coordenação de operações conjuntas.

Por que o CCPI Amazônia é tão importante?

A Amazônia enfrenta ameaças crescentes de organizações criminosas transnacionais e facções locais que exploram a região para atividades ilícitas. Crimes como desmatamento ilegal, garimpo irregular, tráfico de espécies e contrabando não apenas devastam o ecossistema, mas também colocam em risco as comunidades indígenas e ribeirinhas que dependem da floresta. Como destacou Ilona Szabó, presidente do Instituto Igarapé, durante o II Encontro Regional em Brasília, em fevereiro, “a Bacia Amazônica e seus povos sofrem gravíssimas ameaças”, exigindo um plano de segurança multidimensional.

Dados de segurança pública reforçam a urgência do CCPI Amazônia. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento na Amazônia Legal atingiu 11.088 km² entre agosto de 2023 e julho de 2024, um aumento de 9% em relação ao período anterior, frequentemente impulsionado por atividades criminosas como garimpo e extração ilegal de madeira. Relatórios da Polícia Federal apontam que, em 2024, foram apreendidas 1.200 toneladas de drogas na região amazônica, além de 3.500 armas de fogo vinculadas ao tráfico transnacional. O garimpo ilegal, por sua vez, movimentou cerca de R$ 3 bilhões em 2024, segundo estimativas do Ministério Público Federal, com impactos devastadores em terras indígenas e rios contaminados por mercúrio.

O CCPI Amazônia responde a essa urgência ao criar um espaço de colaboração inédito. Ele reúne polícias, ministérios públicos, autoridades ambientais e unidades de inteligência financeira, promovendo estratégias integradas para prevenir, monitorar e reprimir ilícitos. A troca de informações em tempo real e a coordenação entre países permitem desmantelar redes criminosas que operam além das fronteiras, algo que nenhuma nação conseguiria fazer sozinha. Além disso, o centro fortalece a soberania brasileira na região, garantindo que o combate ao crime seja conduzido com respeito às leis e à proteção ambiental.”

Segurança Pública na Amazônia: Um Desafio Monumental

A escalada da violência associada ao crime organizado na Amazônia é um dos maiores desafios para a segurança pública na região. Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2024 revelou que os homicídios em municípios da Amazônia Legal cresceram 12% nos últimos cinco anos, com muitas mortes ligadas a conflitos por terra e atividades ilícitas. O tráfico de drogas, que utiliza rios e rotas remotas da floresta como corredores logísticos, também contribui para a violência. Em 2023, a PF identificou mais de 200 rotas fluviais usadas por traficantes na Amazônia, conectando o Brasil a países como Colômbia, Peru e Bolívia.

Além disso, o impacto dos crimes ambientais é alarmante. O garimpo ilegal, por exemplo, não apenas destrói ecossistemas, mas também financia redes criminosas que operam com armamento pesado. Em 2024, operações da PF e do Ibama resultaram na destruição de 350 balsas de garimpo ilegal, mas a prática persiste devido à alta lucratividade. O tráfico de espécies, outro problema grave, movimenta cerca de US$ 20 bilhões por ano globalmente, com a Amazônia sendo um dos principais alvos, segundo a ONU.

O CCPI Amazônia, ao centralizar esforços de inteligência e coordenação, visa atacar essas redes em suas raízes. O centro conta com sistemas de monitoramento por satélite e drones, além de parcerias com agências internacionais para rastrear fluxos financeiros ilícitos. “Estamos diante de um crime que não respeita fronteiras. O CCPI será um divisor de águas, unindo tecnologia e colaboração para proteger a Amazônia e seus povos”, afirmou o Ministro Lewandowski durante a inauguração.

Um Passo para o Futuro

A inauguração do CCPI Amazônia marca o início de uma nova era na segurança da região. Com sua estrutura moderna, o centro não apenas amplifica a capacidade do Brasil e de seus vizinhos de proteger a floresta, mas também reforça a importância da cooperação internacional em um mundo cada vez mais interconectado. A expectativa é que o CCPI se torne um modelo global de enfrentamento ao crime transnacional, inspirando outras regiões a adotarem abordagens colaborativas semelhantes.

Para o Ministro Campbell, o centro é “um farol de esperança” para a Amazônia. “Estamos mostrando ao mundo que é possível aliar segurança, soberania e preservação ambiental”, declarou. Já Andrei Rodrigues, da PF, destacou que o CCPI será “o coração pulsante” das operações contra o crime organizado na região, com foco em resultados concretos. Com a Amazônia sob pressão crescente, o sucesso do CCPI será crucial para garantir que a floresta e suas comunidades tenham um futuro seguro e sustentável.

 

Fotos: Thassio Pierre/ CM7 BRASIL





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