Laboratório, mercearia e papelaria viram “especialistas em eventos” após contrato de R$ 2,9 milhões com a Prefeitura de Benjamin Constant
Amazonas – A Prefeitura de Benjamin Constant, cidade do interiro do Amazonas, sob gestão do prefeito Semeide Bemerguy (MDB), firmou um contrato no valor de R$ 2.961.060,00 com quatro empresas para a prestação de serviços de locação de estruturas e organização de eventos, conforme publicação no Diário Oficial dos Municípios (DOM).
O que chamou a atenção, no entanto, foi o fato de que as empresas contratadas não têm, em seus objetos sociais, atividades compatíveis com o setor de eventos.
De acordo com a documentação pública, foram consideradas aptas a fornecer os serviços:
SIM2 Comércio de Estamparia e Texturização Ltda-ME, que atua no segmento de estamparia, confecção de roupas e texturização de tecidos;
Y.C.P. Ordones LTDA-EPP, nome fantasia Laboratório Biocenter, cuja principal atividade registrada é laboratório clínico, com atividades secundárias diversas, incluindo produtos alimentícios e coleta de resíduos;
S.A. FILHO LTDA-EPP, sob o nome fantasia CB Comércio e Serviço, que atua no comércio varejista de artigos de papelaria e serviços gráficos;
F. Araújo do Nascimento LTDA, que tem como foco o comércio varejista de mercadorias, produtos alimentícios e outras atividades agropecuárias e técnicas diversas.
A principal crítica que surge diante do contrato está na divergência entre os serviços contratados e os objetos sociais das empresas vencedoras.
Nenhuma delas possui, de forma clara e registrada, a atuação direta no setor de eventos, o que levanta dúvidas sobre os critérios técnicos adotados no processo de homologação.
A contratação está respaldada em processo licitatório, conforme previsto em lei, e foi publicada oficialmente no DOM.
No entanto, especialistas ouvidos pela reportagem apontam que, mesmo em conformidade legal, o aspecto técnico das contratações precisa ser melhor fundamentado para garantir a efetividade do serviço público e a correta aplicação dos recursos.
As quatro empresas possuem capital social entre R$ 240 mil e R$ 300 mil, e estão registradas em sua maioria fora do município de Benjamin Constant – algumas inclusive na cidade de Manaus.
A empresa SIM2, por exemplo, está localizada no bairro Compensa, zona oeste da capital amazonense.
O caso tem gerado repercussão local, especialmente nas redes sociais, onde moradores e lideranças políticas questionam a *transparência do processo e a adequação técnica das empresas para cumprir o contrato.
Veja documentos