Influenciadora feminista pode pegar até 25 anos de prisão após chamar Erika Hilton de “homem” nas redes sociais; veja vídeo
Brasil – A influenciadora feminista Isabella Cêpa, de 29 anos, se tornou o centro de uma das polêmicas mais delicadas envolvendo liberdade de expressão, identidade de gênero e ativismo político. Ela responde a uma denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP) por supostos atos de transfobia, após afirmar em 2020, durante as eleições municipais, que a vereadora mais votada de São Paulo não era “uma mulher biológica”. Isabella se referia à então candidata Erika Hilton (Psol), mulher trans eleita com votação expressiva.
O caso, inicialmente tratado na Justiça estadual, foi transferido para a esfera federal e pode chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF), que deverá julgar se as postagens configuram crime de racismo — a partir do entendimento firmado pela própria Corte em 2019, que equiparou atos de homofobia e transfobia ao crime de racismo.
Postagens e repercussão
As declarações de Isabella Cêpa foram feitas por meio de uma postagem no Instagram e ao menos quatro retuítes de conteúdos que questionavam a presença de mulheres trans em espaços femininos, incluindo uma enquete sobre o sistema prisional. Segundo o MPSP, as publicações reforçaram “o estigma social contra pessoas trans” e incitaram a discriminação.
Uma das mensagens destacadas pela Promotoria dizia: “Candidatas verdadeiramente feministas não foram eleitas. A mulher mais votada é homem. Quem votou nessas p?”*.
A denúncia foi motivada por uma representação formal da própria Erika Hilton. Com base na nova jurisprudência do STF, Isabella foi enquadrada na Lei do Racismo, que prevê pena de até 5 anos de prisão por ocorrência. Como são cinco publicações no total, a influenciadora pode ser condenada a até 25 anos de reclusão.
Defesa e impacto pessoal
Isabella tem contestado a legalidade do processo, apontando que está sendo alvo de um julgamento ideológico. Em entrevista recente ao jornalista Michael Shellenberger, ela classificou as acusações como uma tentativa de silenciamento:
“Disse algo muito básico. Nem deveria virar um escândalo. Não ataquei ninguém diretamente. Me referi a uma distorção do conceito de feminismo.”
Segundo a influenciadora, uma tentativa de acordo com a Justiça foi frustrada e o processo foi parar na esfera federal. “Agora o STF terá de decidir entre me prender ou admitir que está aplicando uma lei que não existe”, afirmou.
Ela também relatou os impactos emocionais e profissionais sofridos desde a abertura do processo:
“Perdi 11 mil seguidores em um único dia. Recebi ameaças de morte. Amigos se afastaram. Fui transformada em bode expiatório”, declarou.