Governo fecha plano de contingência contra tarifas dos EUA e espera aval de Lula
Brasil – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), anunciou na manhã desta quarta-feira (6) que o governo federal concluirá hoje o plano de contingência voltado para mitigar os impactos do chamado “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos, sob a gestão de Donald Trump. A proposta será entregue ainda hoje ao Palácio do Planalto, mas o anúncio público das medidas dependerá do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que dará a palavra final sobre o que será efetivamente executado.
A expectativa é que o pacote contemple, principalmente, os pequenos exportadores, considerados os mais vulneráveis diante das novas barreiras comerciais norte-americanas. “Nós vamos ter um plano muito detalhado para começar a atender, sobretudo, aqueles que são pequenos e não têm alternativas à exportação para os Estados Unidos, que é a preocupação maior do presidente”, afirmou Haddad em entrevista à imprensa nesta manhã.
Linhas de crédito e compras governamentais
De acordo com o ministro, entre as medidas previstas estão a abertura de linhas especiais de crédito, a criação de um programa de proteção ao trabalhador e até compras governamentais diretas de setores alimentícios impactados. Também serão apresentadas propostas para compensar o aumento dos custos operacionais das empresas atingidas.
“O texto sai daqui hoje. Parte do detalhamento, com diagnóstico empresa por empresa, já foi encaminhado à Casa Civil. Agora teremos um ato inicial mais genérico, e a regulamentação será feita posteriormente, com análise caso a caso”, explicou o ministro.
Segundo Haddad, o governo estuda editar uma Medida Provisória (MP) para formalizar o plano e garantir efeitos imediatos. A medida vem sendo construída desde o anúncio das tarifas, que atingem setores-chave da economia brasileira, como alimentos processados, calçados, têxteis e componentes eletrônicos.
Diplomacia econômica
Em paralelo às medidas internas, Haddad confirmou uma reunião virtual com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, marcada para a próxima quarta-feira (13). O objetivo é tentar reabrir o canal de diálogo entre os dois países, que se deteriorou após a imposição unilateral das tarifas pelo governo Trump.
“Recebemos a confirmação oficial do encontro. A depender da qualidade da conversa, ela pode evoluir para uma reunião de trabalho presencial”, sinalizou o ministro.
Apelo à unidade nacional
Ao comentar o impacto das novas tarifas na economia brasileira, Haddad voltou a fazer um apelo pela união política em defesa dos interesses nacionais. Segundo ele, a mistura entre política e economia vem prejudicando todos os setores, inclusive os governadores aliados à oposição.
“Ou o país se une para defender a causa nacional e separar o que é economia do que é política, ou vai continuar todo mundo perdendo. Os Estados estão sendo afetados. Os governadores que têm proximidade com a extrema-direita precisam fazer valer as prerrogativas do seu mandato”, declarou.
O anúncio oficial do pacote de medidas dependerá agora da decisão de Lula, que analisa os impactos políticos e econômicos do tarifaço e as respostas institucionais mais eficazes para o momento.
