Fraude bilionária no INSS: saiba como identificar descontos indevidos e buscar ressarcimento
Manaus – Uma fraude de proporções bilionárias tem afetado aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com prejuízos estimados em mais de R$ 6 bilhões. Milhares de segurados tiveram valores descontados mensalmente de seus benefícios, muitas vezes sem qualquer autorização, por associações que, em diversos casos, nem existiam.
O advogado Washington Barbosa, especialista em Direito Previdenciário, explica que as cobranças apareciam nos contracheques sob nomes vagos, como “mensalidade associativa” ou “débito associação”, dificultando a identificação pelos beneficiários. “Essas entidades, em grande parte, não tinham estrutura para oferecer serviços, e os descontos eram feitos sem consentimento, prejudicando especialmente idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade”, alerta.
Como saber se você foi vítima?
Entre 2016 e 2024, cerca de R$ 8 bilhões foram descontados irregularmente de aposentadorias e pensões, segundo estimativas. Para verificar se foi afetado, o segurado deve acessar o extrato de pagamento pelo site ou aplicativo Meu INSS e procurar por débitos não reconhecidos. “Qualquer desconto com essas descrições, sem que o beneficiário saiba a origem, é um forte indício de fraude”, orienta Barbosa.
O que fazer ao identificar a fraude?
Se você encontrar cobranças suspeitas, siga os passos abaixo:
Acesse o Meu INSS (site ou aplicativo) e consulte o Extrato de Pagamento.
Identifique descontos como “mensalidade associativa” ou “débito associação”.
Bloqueie a cobrança imediatamente pelo sistema do INSS.
Anote o nome da entidade e o telefone 0800 informado no extrato.
Entre em contato com a entidade para exigir explicações e o cancelamento da cobrança.
Registre reclamações no consumidor.gov.br e na Ouvidoria do INSS (ligue 135).
Procure assistência jurídica na Defensoria Pública da União ou em núcleos de prática jurídica de universidades, caso não possa contratar um advogado.
Reúna documentos, como extratos e protocolos, que comprovem os descontos.
Na Justiça, exija o ressarcimento em dobro dos valores descontados e, se aplicável, indenização por danos morais.
Acompanhe as ações do INSS para a devolução dos valores.
Direito ao ressarcimento e punição aos responsáveis
Barbosa destaca que as vítimas têm direito à devolução em dobro dos valores cobrados indevidamente, além de possíveis indenizações por danos morais. “É essencial que o governo aja com rigor para identificar e punir os responsáveis por essas fraudes”, defende. Ele também recomenda que os segurados guardem prints de extratos e protocolos de atendimento, que serão fundamentais em processos judiciais.
Prevenção é a chave
A fraude bilionária reforça a importância de monitorar regularmente os benefícios. “Quem não verifica o extrato com frequência pode acabar pagando por algo que nunca contratou”, alerta Barbosa. Ele sugere que os segurados criem o hábito de checar o Meu INSS mensalmente e denunciem qualquer irregularidade imediatamente.
Para quem precisa de suporte, a Defensoria Pública e os núcleos jurídicos de universidades oferecem assistência gratuita. Além disso, plataformas como o consumidor.gov.br são ferramentas úteis para formalizar reclamações.
O caso expõe a vulnerabilidade de aposentados e pensionistas e a necessidade de maior fiscalização por parte do INSS. Enquanto as investigações seguem, a orientação é clara: fique atento aos seus direitos, cheque seus descontos e não hesite em buscar ajuda para recuperar o que foi tomado indevidamente.