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Festa luxuosa em meio à tragédia: Beto D’Ângelo gasta R$ 1,15 milhão com shows enquanto Manacapuru enfrenta desastres

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Amazonas – Em meio a um cenário de crise e tragédias naturais, o prefeito de Manacapuru, Beto D’Ângelo, optou por realizar uma festa milionária para encerrar seu último mandato. A ExpoManacá 2024, tradicional Feira e Exposição Agropecuária da cidade, que ocorreu de 4 a 10 de novembro, se tornou palco não apenas de apresentações de grandes nomes da música sertaneja, mas também de questionamentos sobre os gastos públicos do município.

De acordo com os extratos publicados no Diário Oficial dos Municípios (DOM) do Amazonas, Beto D’Ângelo desembolsou R$ 1,15 milhão apenas com os shows de dois artistas: a cantora Naiara Azevedo e o cantor Gustavo Mioto. O montante, que poderia ser melhor aplicado em áreas mais urgentes como saúde, educação e infraestrutura, foi direcionado para contratar atrações de peso para a ExpoManacá.

A escolha dos nomes não passou despercebida: Gustavo Mioto, contratado por R$ 650 mil, e Naiara Azevedo, que recebeu R$ 400 mil, representaram os maiores cachês do evento, realizado em um momento particularmente crítico para Manacapuru. Em outubro, o município foi atingido pela tragédia de um deslizamento de terra no porto da cidade, que resultou na morte de duas pessoas, incluindo uma criança de 6 anos, e forçou a declaração de emergência por parte da Defesa Civil Nacional. Além disso, a seca histórica que afeta o Amazonas tem comprometido atividades econômicas essenciais, como a pesca e o transporte fluvial.

Confira:

O Que Está em Jogo?

Em um contexto de escassez, a decisão de gastar mais de R$ 1 milhão em shows de artistas populares soa desproporcional. Isso sem mencionar que os contratos foram assinados sem licitação, o que abre espaço para questionamentos sobre a transparência dos processos administrativos da Prefeitura. Embora a festa tenha atraído uma multidão, a população de Manacapuru está enfrentando problemas graves de infraestrutura e saneamento básico. A seca, que já afetou profundamente a região, continua a exigir atenção urgente, e o recente desabamento no Porto Terra Preta deixou claro que a falta de investimentos em áreas como segurança pública e obras de contenção é um risco iminente para a vida dos cidadãos.

Mais preocupante ainda é o fato de que, apesar desses desafios, D’Ângelo ainda planeja destinar R$ 13,4 milhões em pavimentação de um único ramal do município, enquanto muitas outras partes da cidade carecem de condições básicas de infraestrutura. O valor destinado ao show de Gustavo Mioto, por exemplo, poderia ter sido mais eficazmente empregado em obras para evitar deslizamentos ou, ao menos, em ações emergenciais para os que perderam tudo com a seca e os desastres ambientais.

Esse tipo de gasto levanta uma questão central: qual é o verdadeiro compromisso da gestão de Beto D’Ângelo com a população de Manacapuru? Investir em cultura e lazer é importante, mas, em tempos de calamidade e escassez, não é hora de priorizar eventos em detrimento da proteção das vidas e da infraestrutura básica da cidade. A gestão pública deveria ser mais sensível às necessidades mais prementes da população, especialmente quando se trata de garantir a segurança e a saúde da comunidade em tempos de crise.

Ao fazer essas escolhas, o prefeito parece desconsiderar o clamor da população por melhorias na qualidade de vida. O gasto com os shows de grandes nomes da música sertaneja em plena crise da seca, enquanto o município ainda enfrenta a dor da tragédia no porto e a falta de soluções para os desastres naturais, é no mínimo questionável. A cidade precisa de ações efetivas que garantam o bem-estar dos cidadãos, não de espetáculos que alimentam apenas o glamour da política local.


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