Favela do Moinho é “quartel-general” do PCC no Centro de SP, diz Gaeco; veja vídeo
Brasil – Localizada a menos de três quilômetros da Catedral da Sé, no centro de São Paulo, a Favela do Moinho funcionava como uma espécie de “quartel-general” das atividades do Primeiro Comando da Capital (PCC) na capital paulista. A afirmação é do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MP-SP).
Até recentemente, o grupo do traficante Leonardo Monteiro Moja, o “Léo do Moinho”, usava a favela como base para operar antenas de rádio capazes de captar a frequência reservada da Polícia Militar de São Paulo (PM-SP). A escuta permitia que os traficantes escapassem de operações policiais.
Como mostrou a coluna nesta terça-feira (8/7), o ministro Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência da República) e outros integrantes do governo Lula participaram de reuniões com uma associação de moradores ligada ao grupo criminoso de Léo do Moinho.
A entidade é presidida pela irmã do traficante, Alessandra Moja Cunha, e funciona em um endereço que já foi usado pelo PCC para armazenar crack e outras drogas. Na visita de Lula, Alessandra esteve no palco da solenidade a poucos metros do petista.
“Conforme se apurou no curso das investigações, a comunidade conhecida como ‘Favela do Moinho’ é um verdadeiro ‘quartel-general’ de todo o ecossistema criminoso na região central de São Paulo, servindo não só como ponto de abastecimento de entorpecentes, mas também como centro de comando do domínio territorial exercido pelo Primeiro Comando da Capital”, escreveu o Gaeco na denúncia contra Léo do Moinho, apresentada em abril deste ano.
Na mesma denúncia, o MP-SP detalha como a facção usava rádios instalados em vários pontos da favela para monitorar as ações da Polícia Militar. Uma das antenas foi instalada pelos traficantes no antigo silo — hoje em ruínas — que fica no centro da comunidade.
Durante agenda na favela, no fim de junho, o presidente Lula afirmou que a torre deveria ser preservada. “Tem uma torre famosa aqui, e essa torre seria importante que não fosse derrubada”, disse o presidente. “Essa torre do Moinho poderia ser transformada num memorial, para que a gente possa contar para o povo brasileiro o heroísmo do povo do Moinho, que resistiu tanto tempo.”
“É possível afirmar que o funcionamento do tráfico de drogas praticado pela organização criminosa existente na Favela do Moinho, que deriva do domínio territorial exercido pelo Primeiro Comando da Capital, depende da captação ilegal do rádio das forças de segurança, de maneira que consigam se antecipar a qualquer ação policial na região”, afirma outro trecho da denúncia.
Ao contrário do que sugeriu Lula, uma análise do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP), solicitada pelo governo estadual, concluiu que a torre está degradada e recomendou a demolição da estrutura.
Durante a visita do presidente, moradores chegaram a estender uma faixa no antigo silo com os dizeres: “Obrigado, Lula”.
“A atividade de sintonização e acompanhamento de comunicações restritas ao setor da segurança pública, principalmente da Polícia Militar do Estado de São Paulo, expõe e torna vulnerável a efetividade de operações policiais e de segurança”, conclui outro trecho da denúncia.
Veja vídeo:
* Com informações do Metrópoles