“Expectativa de paz”: Após encontro com Zelensky e Putin, Trump fala em reunião trilateral para fim da guerra na Ucrânia
Mundo – Em um esforço para avançar nas negociações de paz na Ucrânia, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (18/8) que pretende falar com o presidente russo, Vladimir Putin, após se reunir com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca. Trump também mencionou a possibilidade de uma reunião trilateral com ambos os líderes, caso as discussões de hoje sejam bem-sucedidas. “Se tudo correr bem hoje, teremos uma reunião trilateral. Putin está esperando minha ligação quando terminarmos esta reunião. Há uma chance razoável de que essa negociação avance”, afirmou Trump ao lado de Zelensky no Salão Oval.
O encontro entre Trump e Zelensky, seguido por uma reunião ampliada com líderes europeus, é visto como um momento decisivo para o futuro do conflito entre Rússia e Ucrânia, que já dura mais de três anos. Zelensky, que chegou à Casa Branca nesta manhã, reiterou sua disposição para um encontro direto com Putin, enfatizando a necessidade de uma solução diplomática. Questionado sobre a possibilidade de “redesenhar o mapa” da Ucrânia, o líder ucraniano evitou detalhes, destacando apenas a importância de encontrar um caminho para encerrar a guerra.
Um encontro menos tenso
Diferentemente do encontro de 28 de fevereiro, marcado por tensões, quando Zelensky foi criticado por Trump e pelo vice-presidente JD Vance por sua vestimenta informal, a reunião desta segunda-feira teve um tom mais ameno. Um repórter chegou a elogiar o paletó usado por Zelensky, em contraste com as críticas anteriores dos trumpistas, que desaprovaram o figurino adotado pelo ucraniano desde o início do conflito.
Trump recebeu Zelensky para uma conversa a sós no Salão Oval antes de uma segunda reunião, na Sala Leste, com líderes europeus, incluindo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente francês Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, o chanceler alemão Friedrich Merz, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, o presidente finlandês Alexander Stubb e o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte. A presença desses líderes reflete uma demonstração de força diplomática para apoiar a Ucrânia e evitar concessões que favoreçam excessivamente a Rússia.
Contexto das negociações
As reuniões ocorrem dias após um encontro entre Trump e Putin em uma base militar no Alasca, em 15 de agosto, que terminou sem um acordo de cessar-fogo. A visita de Putin aos EUA, a primeira em quase uma década, foi vista como uma vitória diplomática para o Kremlin, que busca sair do isolamento internacional. Embora os detalhes da discussão não tenham sido revelados, especula-se que a Rússia propôs um acordo de paz que incluiria o reconhecimento de territórios ocupados, como a Crimeia, anexada em 2014, e partes do Donbas, em troca do fim das hostilidades.
Trump, que inicialmente defendia um cessar-fogo, mudou de posição após o encontro com Putin, alinhando-se à visão russa de que um acordo de paz abrangente é preferível a uma trégua temporária. Em uma postagem no Truth Social, ele afirmou que “a melhor maneira de acabar com a guerra é buscar um acordo de paz, não um cessar-fogo que muitas vezes não se sustenta”. Essa mudança gerou preocupações entre aliados europeus, que temem que Trump pressione Zelensky a ceder territórios para alcançar um acordo rápido.
Zelensky, por sua vez, rejeita qualquer concessão territorial, argumentando que a Constituição ucraniana proíbe a entrega de territórios. Ele insiste que as negociações devem começar com base na linha de frente atual e que qualquer acordo deve incluir garantias de segurança robustas, com envolvimento dos EUA e da Europa. “Sanções são uma ferramenta eficaz. Precisamos garantir uma segurança duradoura com a participação da Europa e dos Estados Unidos”, declarou Zelensky em uma postagem no X.
Segurança e garantias para a Ucrânia
Um ponto central das discussões é a possibilidade de garantias de segurança para a Ucrânia, semelhantes às oferecidas pela OTAN, para deter futuras agressões russas. Trump indicou que os EUA poderiam apoiar essas garantias, mas evitou comprometer tropas americanas, sugerindo uma “presença semelhante à da OTAN” liderada principalmente pela Europa. “Eles [europeus] são a primeira linha de defesa, mas nós também vamos ajudar”, disse o presidente americano.
O enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, afirmou que a Rússia concordou em princípio com garantias de segurança para a Ucrânia, mas a questão territorial, incluindo a proposta de troca de terras, permanece um obstáculo. Zelensky tem rejeitado ceder qualquer parte do Donbas ou de outros territórios ocupados, alertando que isso poderia servir como um “trampolim” para novos ataques russos.
Expectativa por uma reunião trilateral
Tanto Trump quanto Zelensky expressaram otimismo sobre a possibilidade de uma reunião trilateral com Putin, embora o Kremlin tenha indicado que essa ideia ainda não foi discutida formalmente. Yuri Ushakov, assessor de Putin, disse à mídia russa que “a questão de uma reunião a três não foi abordada” nas conversas entre Trump e Putin no Alasca. Apesar disso, Trump afirmou que planeja ligar para Putin após as reuniões de hoje, sugerindo que o diálogo pode avançar rapidamente se houver progresso.
A presença de líderes europeus reforça a pressão por um acordo que proteja os interesses da Ucrânia e evite concessões que legitimem as conquistas territoriais russas. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, destacou que “fronteiras internacionais não podem ser alteradas pela força”, enquanto Zelensky enfatizou a necessidade de uma paz duradoura, e não um acordo temporário como o que precedeu a invasão russa de 2022.
As reuniões desta segunda-feira são vistas como um teste crucial para a relação entre os EUA e seus aliados, especialmente após Trump aceitar tarifas elevadas da UE e do Reino Unido em troca de apoio à Ucrânia. Enquanto as negociações avançam, o mundo observa se Trump conseguirá mediar um acordo que atenda às demandas de Kiev, Moscou e seus aliados europeus, ou se o conflito, que já custou milhares de vidas, continuará sem resolução


