Escândalo: empresa de ex-chefe de licitação do Prefeito Augusto Ferraz lucra mais de R$ 1,6 milhão em Iranduba
Amazonas – O município de Iranduba, na Região Metropolitana de Manaus, volta ao centro de uma grave denúncia envolvendo suposto favorecimento, conflito de interesses e indícios de irregularidades em contratos públicos.
Desta vez, o prefeito Augusto Ferraz (União Brasil) assinou um contrato milionário de R$ 1.690.000,00 com uma empresa cujo histórico e atividades comerciais não condizem com o objeto da licitação: o fornecimento de materiais gráficos para a Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA), atualmente chefiada por sua esposa e primeira-dama, Luana Ferraz.
O acordo, firmado por meio do pregão nº 011/2025-SRL/CPL, solicita a contratação de uma “empresa especializada em confecção de material gráfico” para atender demandas da Saúde Municipal.
O que chama atenção é que a empresa vencedora, registrada como P J R Serviços de Escritório Administrativo Ltda (CNPJ nº 27.104.616/0001-69), tem como atividade principal declarada o transporte rodoviário coletivo de passageiros, algo completamente alheio ao fornecimento gráfico.
Além disso, a razão social da empresa aparece de forma divergente em diferentes registros oficiais: ora como P J R Multiserviços LTDA, ora como Grupo Nobre.
Em sua descrição, oferece uma gama de serviços, de escritório administrativo a multisserviços, mas em nenhum momento aponta expertise em gráfica ou produção de materiais impressos — o serviço contratado.
O proprietário da empresa, Paulo Onete da Silva Viana Júnior, é um velho conhecido da Prefeitura de Iranduba.
Ele já presidiu a Comissão Geral de Licitação do município, o que levanta ainda mais suspeitas de conflito de interesses e uso de informações privilegiadas.
Mesmo fora do quadro funcional da prefeitura, Onete Júnior continua lucrando com contratos vultosos da administração pública local.
A empresa dele, inclusive, já foi beneficiada anteriormente com contratos milionários de locação de veículos com o mesmo ente público.
Outro ponto que levanta dúvidas é a própria necessidade da contratação.
O contrato assinado pelo prefeito e pela primeira-dama não especifica quais demandas da Secretaria de Saúde exigem um investimento tão elevado em materiais gráficos.
Sem planejamento técnico e sem detalhamento sobre os itens a serem produzidos, o contrato dá margem para questionamentos sobre sua real finalidade e necessidade.
O caso se soma a uma série de denúncias e suspeitas envolvendo a gestão de Augusto Ferraz.
Agora, com a participação direta da primeira-dama, a administração municipal se vê envolta em mais uma polêmica sobre o uso do dinheiro público para beneficiar aliados políticos e ex-servidores da própria prefeitura.
A disparidade entre as atividades da empresa e o objeto do contrato, somada à relação próxima do empresário com a estrutura administrativa da cidade, reforça o clima de desconfiança e levanta questionamentos sobre a lisura e a moralidade do processo licitatório.
Diante dos indícios de favorecimento, conflito de interesses, ausência de capacidade técnica da empresa contratada e irregularidades cadastrais, o caso exige apuração rigorosa por parte dos órgãos de controle, especialmente o Ministério Público do Amazonas (MP-AM) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM).
A população de Iranduba, que enfrenta dificuldades reais na área da Saúde, cobra explicações públicas sobre o destino desses recursos e a real motivação por trás de um contrato que, mais uma vez, parece privilegiar poucos em detrimento do interesse coletivo.
CM7 Brasil segue acompanhando o caso e vai buscar esclarecimentos da Prefeitura de Iranduba, da SEMSA e dos responsáveis pela empresa.