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Escândalo: conversa entre empresários revela corrupção entre promotores e desembargadores do TJ-AL; ouça áudio

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Escândalo: conversa entre empresários revela corrupção entre promotores e desembargadores do TJ-AL; ouça áudio

Brasil – Em uma gravação comprometedora, empresários e políticos reclamam dos altos valores supostamente cobrados por promotores e desembargadores do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL). O áudio, capturado sem o conhecimento dos envolvidos durante uma reunião na Câmara Municipal de Coruripe (AL), foi divulgado pelo jornalista Paulo Cappelli, do Metrópoles. Nele, os participantes discutem a partilha de valores provenientes da venda da safra de cana-de-açúcar ligada à massa falida da Laginha Agroindustrial, um processo que se arrasta desde 2014.

Em um dos trechos mais reveladores, o empresário e ex-prefeito de Junqueiro (AL), José Raimundo de Albuquerque Tavares, conversa com Joaquim Beltrão, ex-deputado federal e ex-prefeito de Coruripe, sobre a quantidade de pessoas envolvidas no processo. “É caro demais, agora é porque também é muita gente comendo”, desabafa Tavares. Beltrão responde, complementando: “É gente comendo, também, os caras querem muito”.

Tavares detalha a complexa rede de supostos beneficiários: “É caro por isso. Muita gente comendo demais. É o promotor, é o administrador, é o povo de São Paulo, aí é Sandro, aí é desembargador, é filho de desembargador. Quando soma, é um valor da p*rra”. Na conversa, o empresário não cita os nomes dos desembargadores e promotores que seriam contemplados. Ouça áudio:

 

Escândalo bilionário

A Laginha Agroindustrial, avaliada em R$ 3 bilhões e com dívidas fiscais e trabalhistas de aproximadamente R$ 4 bilhões, tem sido palco de um bilionário processo de falência. A massa falida da empresa, que pertencia ao empresário e ex-deputado federal João Lyra, morto em 2021, inclui três usinas de açúcar e etanol. A cada ano, os administradores vendem a cana produzida nas terras da Laginha para amortizar as dívidas, já que as unidades industriais estão desativadas por falta de manutenção.

Os áudios, datados de 21 de outubro de 2022, foram anexados ao processo de falência da Laginha, exacerbando a tensão em torno do caso. Em dezembro, a Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de Alagoas nomeou dois promotores para investigar o conteúdo das gravações.

Impedimentos e Reviravoltas

A situação se complicou quando 13 dos 17 desembargadores do TJ-AL se declararam impedidos de atuar no processo. No entanto, após a possibilidade de a ação ser transferida para o Supremo Tribunal Federal (STF), quatro magistrados reconsideraram e decidiram retomar suas funções no caso, garantindo que o processo permaneça sob jurisdição alagoana.

Ocupação Ilegal e Confronto

O escândalo também envolve acusações de invasão ilegal das terras da Usina Guaxuma, pertencentes à Laginha. Joaquim Beltrão e um grupo de empresários do litoral sul de Alagoas são acusados de invadir essas terras, com a Impacto Bioenergia assumindo a responsabilidade pela produção e colheita da cana, pagando tanto à Laginha quanto aos invasores.

Uma planilha juntada ao processo revela que a área cultivada foi quase o dobro do previsto no edital, resultando em uma arrecadação muito maior do que a estimada. O valor recebido pela Laginha foi de apenas R$ 6,1 milhões, enquanto R$ 61,3 milhões teriam sido divididos entre os empresários, conforme os áudios gravados.

Investigações e Consequências

O Tribunal de Justiça de Alagoas decidiu recentemente manter o processo de falência da Laginha sob sua jurisdição, recusando-se a transferir o caso ao STF. A decisão veio após alegações de suspeição por parte de muitos desembargadores, mas a reviravolta na posição de alguns magistrados garantiu a continuidade do julgamento no TJ-AL.

As revelações trazidas à tona pelos áudios gravados e pela investigação em andamento destacam a profundidade e a complexidade das supostas irregularidades envolvendo figuras proeminentes no setor político e empresarial de Alagoas. A apuração dos fatos e a responsabilização dos envolvidos são aguardadas com grande expectativa, na esperança de esclarecer um dos maiores escândalos econômicos da região.


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