Brasil – Na terça-feira (19/8), Alexander Soros, presidente da Open Society Foundations e filho do magnata George Soros, esteve em Brasília para uma série de reuniões com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e outros expoentes da esquerda brasileira, incluindo o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) e os deputados Túlio Gadêlha (Rede-PE), Erika Hilton (Psol-SP) e Dandara Tonantzin (PT-MG). O encontro, segundo Soros, teve como foco os preparativos para a Conferência do Clima da ONU (COP30) e a construção de um “modelo progressista único para a democracia em todo o mundo”.
A Open Society Foundations, sob o comando de Alexander, é conhecida por financiar movimentos que promovem pautas como o aborto, a legalização das drogas e outras agendas progressistas. A organização já destinou recursos à Planned Parenthood, rede de clínicas de aborto nos Estados Unidos, ao Sleeping Giants Brasil, que organiza boicotes contra empresas conservadoras, e até à ativista climática Greta Thunberg, que recentemente participou de uma expedição militante em apoio à Palestina.
Críticas a Trump e apoio a Kamala Harris
Alexander Soros, que assumiu recentemente a liderança dos negócios filantrópicos do pai, não esconde sua postura política. Em entrevista ao Financial Times, ele classificou o governo de Donald Trump como uma equipe de “valentões” e expressou o desejo de “lutar” contra o ex-presidente americano. Durante as eleições nos EUA, a família Soros investiu mais de US$ 85 milhões na campanha da democrata Kamala Harris, segundo o jornal britânico. Em reconhecimento, o presidente Joe Biden concedeu a George Soros a Medalha Presidencial da Liberdade.
Impacto global e controvérsias
As ações da Open Society Foundations geram debates acalorados. Enquanto defensores veem a organização como uma promotora de direitos humanos e democracia, críticos a acusam de financiar projetos de engenharia social que interferem em políticas nacionais. No Brasil, a reunião com líderes de esquerda reforça a percepção de alinhamento com pautas progressistas globais, especialmente em um momento estratégico como a preparação para a COP30.O encontro em Brasília sinaliza uma aproximação entre a agenda da Open Society e o governo Lula, levantando questionamentos sobre como essa parceria pode influenciar as políticas brasileiras no cenário internacional.
Encontro polêmico
O encontro ocorreemumcontextodealtatensãodiplomáticaentreBrasileEstadosUnidos,agravadapelaaplicaçãodaLeiMagnitskycontraoministrodoSupremoTribunalFederal(STF)AlexandredeMoraes.Aanálisedesseeventodeveconsideraropanodefundopolítico,asimplicaçõesinternacionaiseasnarrativasemjogo. A reunião também expõe o governo a críticas internas de interferência estrangeira e pode aprofundar a polarização política no Brasil, especialmente em um momento em que o STF enfrenta sanções internacionais que podem escalar para uma crise econômica interna no país.
George Soros, bilionário húngaro-americano e fundador da Soros Fund Management, é uma figura polarizadora, frequentemente associada a lucrar com crises financeiras devido a sua atuação como investidor e especulador no mercado financeiro. Sua reputação nesse aspecto, amplificada por eventos como a crise da libra esterlina em 1992, é um tema complexo que envolve habilidade financeira, controvérsias políticas e percepções públicas. Abaixo, analiso essa faceta de Soros no contexto de suas estratégias de investimento, impacto econômico e narrativas que o cercam, especialmente considerando o recente encontro de seu filho, Alexander Soros, com autoridades brasileiras em 19 de agosto de 2025.
O “Homem que Quebrou o Banco da Inglaterra”
O evento mais emblemático que consolidou a imagem de Soros como um especulador que lucra com crises ocorreu em 16 de setembro de 1992, conhecido como a “Quarta-feira Negra”. Soros, por meio de seu fundo Quantum, apostou contra a libra esterlina, que estava atrelada ao Mecanismo de Taxa de Câmbio (ERM) da União Europeia. Ele identificou que a libra estava sobrevalorizada e que o Banco da Inglaterra não teria reservas suficientes para manter sua paridade. Soros vendeu a descoberto bilhões de libras, forçando o governo britânico a desvalorizar a moeda e abandonar o ERM. Estima-se que ele tenha lucrado cerca de US$ 1 bilhão com a operação.
Esse episódio não apenas rendeu a Soros o apelido de “o homem que quebrou o Banco da Inglaterra”, mas também alimentou a narrativa de que ele é capaz de explorar vulnerabilidades econômicas em larga escala. Embora a operação tenha sido legal e baseada em análise de mercado, críticos argumentam que ela agravou a crise econômica no Reino Unido, enquanto defensores a veem como uma exposição de falhas estruturais no sistema financeiro britânico.
Outras Crises e Estratégias de Investimento
Além da Quarta-feira Negra, Soros é associado a outras crises financeiras, como a crise asiática de 1997-1998, quando suas apostas contra moedas como o baht tailandês foram vistas por alguns governos, como o da Malásia, como um fator desestabilizador. O então primeiro-ministro malaio, Mahathir Mohamad, acusou Soros de manipular mercados para lucrar às custas de economias emergentes. Embora não haja evidências de manipulação ilegal, suas estratégias de hedge fund, que envolvem apostas em movimentos de mercado (tanto em alta quanto em baixa), frequentemente capitalizam momentos de instabilidade.
Soros utiliza a teoria da reflexividade, que ele mesmo desenvolveu, para orientar seus investimentos. Essa teoria sugere que os mercados não são puramente racionais, mas influenciados por percepções e expectativas dos investidores, que podem criar ciclos de retroalimentação. Essa abordagem o permite identificar bolhas ou distorções econômicas, como no caso da libra, e lucrar com sua correção. Críticos, no entanto, apontam que tais estratégias podem exacerbar crises, especialmente em países com economias frágeis ou que estão passando por turbulências econômicas, como no caso do Brasil.