“Cuidado, ZFM!”: lá de São Paulo, Governador Tarcísio de Freitas declara apoio para Alberto Neto; entenda
Manaus – Faltando cinco dias para as eleições do 2º turno na capital amazonense, o Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, manifestou publicamente nesta terça-feira (22/10) seu apoio ao candidato à prefeitura Alberto Neto. Vale ressaltar que São Paulo é justamente o Estado brasileiro mais interessado na dissolução da Zona Franca de Manaus e a região onde concentra a bancada política que mais tenta sabotar os insumos econômicos para o Amazonas, com o objetivo de que as empresas que estão instaladas em Manaus, migrem para a região Sudeste.
O anúncio foi feito por meio de um vídeo publicado nas redes sociais do próprio candidato, reafirmando a união entre as figuras da base bolsonarista em tempos de eleição. No vídeo, Tarcísio destacou as qualidades que considera essenciais para Alberto Neto. “Meus amigos, minhas amigas de Manaus. Olha, domingo agora, dia vinte e sete, eu quero dizer pra vocês que a melhor opção, a opção que representa a renovação é o capitão Alberto Neto”, afirmou o governador, em uma declaração enfática que visou consolidar o apoio dos eleitores.
A animação de Tarcísio é evidente, e ele descreve Alberto como alguém “testado” e “pronto para fazer a diferença”. Entretanto, a eficácia desse apoio nas eleições de Manaus ainda gera discussões, ainda mais vindo de outra região do país e que comumente ameaça a Zona Franca de Manaus. A base bolsonarista, embora coesa, representa apenas uma fração do eleitorado manauara. Muitos questionam se a estratégia de Alberto Neto em alavancar esse nicho será suficiente para conquistar um número amplo de votos, especialmente considerando as diversas realidades e demandas dos cidadãos da capital amazonense.
Ataques à ZFM
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (PL) é conhecido por criticar o modelo da Zona Franca de Manaus durante uma discussão sobre a reforma tributária na Câmara dos Deputados em 2023. Em uma fala direcionada ao relator da reforma, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Tarcísio pediu a revisão de alguns pontos do texto, incluindo a Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (CIDE) relacionada à Zona Franca. “A CIDE da Zona Franca, desculpa, é algo que traz uma ineficiência muito grande, não faz o menor sentido”, declarou o governador.
A fala não passou despercebida por outros membros da Câmara. O deputado federal Saullo Vianna (UB) reagiu às declarações de Tarcísio, chamando de “distorção” os ataques aos incentivos concedidos à Zona Franca. Para Vianna, é contraditório que um governante de uma região que concentra os maiores benefícios fiscais do país critique um modelo que busca reduzir desigualdades regionais.
Ele ressaltou que os estados do Sudeste e do Sul acumulam mais de 60% das renúncias fiscais, segundo um estudo da Consultoria do Parlamento, e questionou a lógica de atacar a Zona Franca. “Isso, sim, é uma distorção”, afirmou.
Vianna enfatizou que muitos críticos da Zona Franca ignoram que esse modelo é, na verdade, uma política de desenvolvimento regional bem-sucedida, que gera empregos e promove a conservação ambiental. “O Brasil não pode virar as costas para uma região estratégica, onde vivem 6 milhões de brasileiros que precisam de alimentação e respeito à sua cidadania”, lembrou o parlamentar, reafirmando a importância da Zona Franca e seus impactos positivos na vida da população local.
Desafios de Alberto Neto
O desafio para o candidato nesse segundo turno parece ser dual: continuar angariando apoio de sua base, enquanto simultaneamente tenta se conectar com uma gama da sociedade manauara que é de esquerda, que possui um pensamento moral e cultural totalmente divergente da base conservadora e que têm diferentes anseios e expectativas em relação à administração pública. Afinal, a vitória nas urnas muitas vezes exige mais do que simplesmente um reforço político; requer um diálogo genuíno com toda a sociedade. E as alianças entre Alberto Neto e Amom Mandel e também de outros deputados da esquerda, por exemplo, não é nada genuína.