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CM7 Brasil foi censurado por expor o “QG do Crime”: como o portal enfrentou a máquina do governo Wilson Lima e venceu no STF

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CM7 Brasil foi censurado por expor o “QG do Crime”: como o portal enfrentou a máquina do governo Wilson Lima e venceu no STF

Manaus – Nesta quarta-feira (27/8/2025), quase um ano após a explosão do escândalo que ficou conhecido como o “QG do Crime”, a Polícia Federal indiciou cinco agentes públicos na Operação Tupinambarana Liberta, que investigou fraudes eleitorais em Parintins. A notícia é histórica, mas também reacende uma questão fundamental: o preço pago pelo jornalismo independente no Amazonas para expor as entranhas do poder.

O CM7 Brasil, pioneiro em denunciar o esquema que envolvia secretários do governador Wilson Lima (UB), foi alvo de uma das mais duras tentativas de censura da história recente da imprensa amazonense. Ao revelar que figuras como o secretário-chefe da Casa Civil, Flávio Antony, e o presidente da ALEAM, Roberto Cidade, apareciam nos bastidores da articulação criminosa, o portal sofreu perseguição política, processos e chegou a ser retirado do ar por ordem judicial — decisão posteriormente cassada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A reunião que escancarou o esquema 

O escândalo veio à tona após a divulgação de um vídeo datado de 2 de agosto de 2024, gravado dentro da casa de Adriana da Cunha Cidade, prima de Roberto Cidade, no bairro Castanheira, em Parintins. Nas imagens, secretários de Wilson Lima e oficiais da Polícia Militar admitem compra de votos em eleições anteriores e discutem estratégias para manipular o pleito de 2024.

O material mostrava ainda que o grupo pretendia forjar operações policiais para desviar a atenção da PF, trazendo criminosos ligados a milícias para Parintins.

A repercussão levou à deflagração da Operação Tupinambarana Liberta, que cumpriu mandados de busca e apreensão e ouviu autoridades como:

Armando do Valle, então presidente da Cosama;

Marcos Apolo Muniz, secretário de Cultura;

Fabrício Barbosa, secretário de Administração;

Jackson Ribeiro, tenente-coronel da Rocam;

Guilherme Navarro, chefe de inteligência da Rocam.

Apesar das provas robustas, ninguém foi preso. E um detalhe chamou atenção: enquanto alguns secretários foram exonerados, Flávio Antony permaneceu intocado.

O alvo da reportagem: Flávio Antony

Em outubro de 2024, o CM7 Brasil publicou uma série de matérias revelando a influência de Flávio Antony no esquema em Parintins. O secretário foi flagrado em diversas reuniões e citado repetidamente pelos envolvidos como peça-chave na articulação pró-Brena Dianná (UB), candidata apoiada por Wilson Lima e por Roberto Cidade em Parintins.

As denúncias foram tão graves que o Ministério Público do Amazonas abriu inquérito para apurar a atuação de Antony sobre as acusações de abuso de poder, improbidade administrativa e intimidação de eleitores.

Foi a partir daí que a ofensiva contra o CM7 começou.

A censura: juiz aliado e decisão desastrosa

Em janeiro de 2025, atendendo a pedido de Flávio Antony, o juiz Flávio Henrique Albuquerque de Freitas, da Central de Plantão Cível de Manaus, determinou a retirada imediata do CM7 Brasil do ar, além de perfis nas redes sociais. A decisão classificava o portal como difusor de “fake news” e estipulava multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento. A medida, amplamente divulgada por veículos alinhados ao governo, foi tratada como uma “vitória contra a desinformação”, quando, na prática, se tratava de censura prévia.

Na época, a Revista Cenarium, dirigida por Paula Litaiff, e que se diz jornalista, anunciou: “Justiça manda banir blog CM7 da internet por difusão reiterada de fake news”. No entanto, em nenhum momento Litaiff sequer chegou a buscar informações sobre o outro lado. Pior, o veículo de imprensa se fez de cínico, e negou citar qualquer contexto a menção de existência da operação “Tupinambarana Liberta” e dos agentes políticos envolvidos no escândalo, dizendo que o CM7 fez “acusações sem provas”, enquanto o CM7 apenas evidenciou de forma jornalística documentos públicos, imagens usadas nas investigações e fatos.

 

Já o Imediato e o Portal O Poder, ambos sob o controle de Álvaro Má Corado, seguiram a mesma linha, com as manchetes “Justiça determina retirada do blog CM7 do ar e suspensão de seus perfis nas redes sociais” e “Justiça determina retirada do ar de blog por difundir fake news reiteradas vezes”, respectivamente. Detalhe que Álvaro se diz um conservador e defensor da liberdade de imprensa, mas não apenas se mostrou a favor da censura, como a aplaudiu.

O Radar Amazônico, que é comandado pela blogueira Any Margareth, conhecida como “Boladona”, publicou: “Após série de fake news, Justiça do Amazonas determina que blog CM7 saia do ar”. Mesmo o Radar, que havia experimentado o gosto amargo de 5 dias de censura em suas páginas no período eleitoral, foi o primeiro veículo de comunicação a escarnecer, caluniar e comemorar quando o CM7 foi alvo de um tentativa de censura ainda mais grave.

O Portal Rios de Notícias, de propriedade de Maria do Carmo Seffair, que foi derrotada nas eleições municipais em 2024, também fez questão de publicar a mentira e atacar o CM7 Brasil. Maria queria descontar sua frustração de perder mais uma eleição em cima do portal que é referência no Amazonas. Além dos blogs citados acima, uniram-se à esta milícia digital o Portal Dia a Dia, de Audrey Bezerra, e o Blog do Botelho, de Thiago Botelho. Ambos os blogs, que não possuem audiência, tentaram de má fé ranquear no Google usando o nome do CM7 Brasil.


Ataque à liberdade de imprensa atingiu milhares de sites empresariais

A decisão motivada por vingança e retaliação política, impensada e não técnica, prejudicou não apenas o CM7. Segundo o que analisou o na época Thiago Ayub, professor, Diretor de Tecnologia, um dos pioneiros da internet no país desde 1995 e criador de um canal no YouTube dedicado à Internet, o impacto da decisão contra o portal de notícias CM7 Brasil, ao envolver a Anatel e obrigar o bloqueio via servidores da Cloudflare, prejudicou mais de 20 mil empresas e milhares de sites e funcionários em todo o Brasil.

Reação: imprensa e entidades de classe

O bloqueio teve repercussão nacional. O SINJOR/AM e a FENAJ publicaram nota de repúdio, classificando a medida como atentado ao Estado Democrático de Direito.

“Intervenções judiciais em casos de possíveis abusos devem ser feitas a posteriori, nunca por meio de censura prévia que silencia vozes jornalísticas e intimida profissionais da comunicação”, afirmaram as entidades.

Especialistas em internet, como Thiago Ayub, também denunciaram a ilegalidade e o absurdo de envolver a Anatel num processo de conteúdo, algo que a lei brasileira não permite.

STF derruba censura e garante liberdade de imprensa

O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal. Primeiro, o ministro Edson Fachin suspendeu a decisão que bania o portal. Depois, a ministra Cármen Lúcia analisou o mérito e cassou definitivamente a ordem judicial.

Na decisão, a ministra foi categórica:

“Sem a imprensa não há informação, e sem esta não há democracia. A imprensa livre é a garantia do cidadão livre.”

Ela reforçou que censura prévia é inconstitucional, e que eventuais abusos devem ser corrigidos por meio de direito de resposta ou indenizações, jamais com a supressão arbitrária de conteúdos jornalísticos.

Um marco para o jornalismo amazonense

A vitória no STF não apaga os danos sofridos pelo CM7 Brasil, mas consolida um precedente importante para a liberdade de imprensa no país.

O episódio mostrou como o jornalismo independente pode ser alvo de perseguição quando expõe esquemas de corrupção, mas também evidenciou que a Constituição ainda é uma barreira contra o autoritarismo.

Agora, com a conclusão das investigações pela Polícia Federal , o “QG do Crime” em Parintins chega ao fim de sua atuação, com os cinco agentes públicos ligados ao Governo Wilson Lima tendo que responder na Justiça pelos crimes de organização criminosa, corrupção eleitoral e abolição do Estado Democrático de Direito, podendo receber penas que ultrapassam 20 anos de prisão.

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