Câmara aprova urgência de projeto de anistia ligado ao 8 de janeiro
Brasil – A noite de quarta-feira (17), escancarou a fragilidade do governo no Congresso. Por 311 votos a favor, 163 contra e sete abstenções, a Câmara dos Deputados aprovou o regime de urgência para o projeto de anistia ligado aos atos de 8 de janeiro. Com isso, a proposta passa a ser discutida diretamente em plenário, sem análise prévia nas comissões.
A condução da sessão pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), aumentou o desgaste do Planalto.
Motta abriu os trabalhos unicamente para votar a urgência da anistia e, em seguida, encerrou a sessão sem colocar em pauta outros projetos aguardados pela sociedade.
O gesto foi visto como uma demonstração de força do Centrão e uma derrota humilhante para o governo, que apostava em um adiamento.
Entre as propostas que ficaram no congelador estavam o pacote da segurança pública e a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda, promessa de campanha que poderia aliviar o bolso de milhões de brasileiros.
Nos bastidores, o desenho político já está em curso: Paulinho da Força (Solidariedade-SP) deve assumir a relatoria e apresentar um texto alternativo, que não concede anistia total, mas abre espaço para a redução de penas — inclusive para o ex-presidente Jair Bolsonaro.
O objetivo é equilibrar a pressão da base bolsonarista com a acomodação de setores do Centrão.
O projeto que serviu de referência, apresentado por Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), é amplo: concede anistia a todos os envolvidos em manifestações desde 30 de outubro de 2022, incluindo desde protestos pacíficos até atos violentos que resultaram em depredação.
O alcance da proposta provocou tensão no plenário. Deputados contrários reagiram com gritos de “sem anistia”, alertando para o risco de que crimes contra a democracia acabem sem punição.
Mais do que a aprovação da urgência, o episódio deixou claro o isolamento do governo no Congresso.
A aliança entre Centrão e extrema direita conseguiu impor a sua pauta, enquanto projetos de impacto real para a população seguem parados. Uma mensagem clara: o Legislativo tem outras prioridades — e elas não são exatamente as mesmas do Palácio do Planalto.