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Cacique e advogados desmoralizam 100% Paula Litaiff: ‘Ela fez uma violência ao jornalismo e Fake News contra os indígenas’; veja vídeo

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Cacique e advogados desmoralizam 100% Paula Litaiff: ‘Ela fez uma violência ao jornalismo e Fake News contra os indígenas’; veja vídeo

Manaus – A comunidade indígena do Parque das Tribos, localizada no bairro Tarumã, zona oeste de Manaus, está em busca de justiça contra as inverdades propagadas pela jornalista Paula Litaiff em uma dissertação de mestrado retirada do ar pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Em entrevista exclusiva ao Portal e TV CM7 Brasil, conduzida pelo repórter Thiago Quara, o cacique Ismael Munduruku, a liderança feminina Elisa Sateré e os advogados Daniele Delgado Baré e Isael Munduruku denunciaram o impacto das acusações de Litaiff, que não apenas feriram a cultura e a reputação da comunidade, mas também comprometeram a credibilidade do jornalismo.

A decisão da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) de retirar do ar, nesta terça-feira (25/6), o vídeo da dissertação de mestrado da jornalista Paula Litaiff marca um divisor de águas na relação entre academia, jornalismo e causas sociais. Fundadora da Revista Cenarium, veículo que se autoproclama defensor dos direitos indígenas, Litaiff agora enfrenta uma grave crise de credibilidade, após acusações de distorção de depoimentos, violação de direitos coletivos e uso indevido de fontes em sua pesquisa intitulada “Violência Simbólica de Gênero no Parque das Tribos”.

A dissertação acusava lideranças indígenas, em especial o cacique Ismael Munduruku, de práticas misóginas e violência simbólica contra mulheres. A comunidade, que abriga 39 etnias, 38 povos diferentes e 20 idiomas, refuta categoricamente essas alegações, classificando-as como fake news que desrespeitam sua democracia interna e diversidade cultural.

Uma Ofensa ao Jornalismo

O cacique Ismael Munduruku foi contundente ao criticar a conduta de Paula Litaiff, especialmente pelo uso da Revista Cenário Nacional, veículo associado à jornalista, para propagar inverdades. “O que ela fez é uma violência contra o jornalismo, coloca em xeque a credibilidade do jornalismo em si”, afirmou, por meio de seus advogados, destacando que Litaiff não buscou ouvir a comunidade antes de publicar as acusações. “Eles primeiro agridem, expõem, ridicularizam, cometem crimes, para depois perguntar qual é a opinião da comunidade indígena ferida”, completou o advogado Isael Munduruku .

Munduruku reforçou que a jornalista não o consultou sobre a pesquisa. “Ela não me consultou sobre trabalho nenhum, sobre dissertação, sobre pesquisa, sobre nada. Então, ela fez uma pesquisa obscura, por debaixo dos panos, sem o consentimento da comunidade representada por mim”, declarou. Ele também destacou a força da democracia no Parque das Tribos: “Existe democracia dentro das questões indígenas, e essa democracia prevalece aqui. Não só democracia, mas a inclusão também”.

Empoderamento Feminino em Foco

Contrariando as acusações de machismo, Munduruku anunciou, em primeira mão, a criação da primeira fábrica de roupas indígenas do Brasil, coordenada por uma cooperativa de mulheres do Parque das Tribos. “Empoderamento feminino sem investimento é falácia. Aqui, nós não ficamos com falácias. Empoderamento, para o cacique Munduruku, é mulher com dinheiro no bolso”, afirmou, enfatizando projetos que promovem autonomia e dignidade para as mulheres indígenas. Ele destacou que a maioria das decisões na comunidade é tomada por mulheres, que prevalecem nas assembleias democráticas.

Elisa Sateré, coordenadora da Maloca e liderança feminina, expressou indignação com a narrativa de Litaiff, que apagou sua trajetória e a de outras mulheres. “Ela praticamente apagou a minha história, apagou os meus trabalhos dentro da comunidade. E olha que eu trabalho arduamente todos os dias”, desabafou. Acadêmica de enfermagem, Elisa atua com mulheres, idosos e crianças, e questionou: “Paula, você não veio falar comigo, você não veio perguntar como acontece dentro da comunidade, como vivemos aqui?”. Ela também relatou agressões sofridas por apoiadores de Litaiff durante eleições internas, apontando contradições: “Fui agredida como mulher na frente delas, e elas, que defendem tanto o protagonismo feminino, por que não me defenderam?”.

Repercussões Jurídicas e Acadêmicas

Os advogados Daniele Delgado Baré e Isael Munduruku informaram que a UFAM retirou o vídeo da dissertação do ar após uma petição da comunidade, devido às inverdades que ferem a cultura indígena. “Esse vídeo foi retirado porque mexe com a questão da cultura dessa comunidade indígena. Os indígenas têm seu modo próprio de viver, e existe democracia dentro da comunidade”, explicou Daniele. Ela criticou a falta de rigor metodológico na pesquisa, que não obteve o consentimento livre, prévio e informado da comunidade, e acusou Litaiff de realizar uma “oitiiva seletiva” para embasar imputações levianas.

A comunidade planeja ações cíveis e criminais para reparar os danos. “Existe a repercussão da imagem do cacique e da própria comunidade. Isso deverá ser reparado numa ação própria. Também há repercussão criminal, como crimes de difamação, por retratar uma liderança indígena sem ouvi-la”, afirmou Daniele. Isael Munduruku reforçou o impacto no jornalismo: “Eu acabei de receber perguntas da Revista Cenário Nacional. Vocês deveriam perguntar antes de publicar as mentiras”.

Defesa da Cultura Indígena

O Parque das Tribos, reconhecido nacionalmente por sua liderança e diversidade, sente-se profundamente atingido. “Ela não respeitou a questão cultural dos povos indígenas e mexeu com algo que fere muito o sentimento indígena”, lamentou Daniele, indígena e fundadora da comunidade. Munduruku, com 26 anos de luta no movimento indígena, destacou o legado do Parque: “Hoje, somos um exemplo de administração e liderança para o Brasil inteiro”. Ele citou intercâmbios com outras comunidades e visitas de autoridades, como a ministra Cármen Lúcia, que conheceu o trabalho local.

A comunidade reforça sua democracia, com eleições acompanhadas por órgãos como a OAB e tribunais. “Não me autoproclamei. Fui eleito democraticamente, reconhecido nacionalmente e internacionalmente”, afirmou Munduruku, rejeitando a narrativa de Litaiff.
Um Golpe na Academia e no Jornalismo

A retirada da dissertação da UFAM foi vista como um reconhecimento da falta de rigor acadêmico, já que o trabalho não cumpriu requisitos metodológicos e regimentais. A comunidade destacou oficinas de jornalismo realizadas no Parque, coordenadas pela professora Mirna Feitosa, com ampla participação feminina e apoio da UFAM. “É algo que afronta o jornalismo sério, não as fake news que ela conta”, afirmou Isael, contrastando as práticas éticas da comunidade com as acusações de Litaiff.
A Revista Cenário Nacional foi criticada por buscar esclarecimentos apenas após a polêmica. “Agora que o vídeo com as mentiras foi retirado, a Revista Cenário Nacional está nos procurando. Isso é prova de que primeiro agridem, depois perguntam”, denunciou Isael Munduruku.





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