BBC pergunta 6 vezes para o presidente Lula se ele tentou ligar para Trump; veja vídeo
Mundo – A insistência da BBC Brasil expôs o tom evasivo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diante da crise comercial entre Brasil e Estados Unidos. Em entrevista publicada nesta quinta-feira (18), o chefe do Executivo foi questionado seis vezes se havia tentado telefonar para o presidente americano Donald Trump desde que Washington impôs tarifas contra produtos brasileiros. A resposta, em todas as vezes, foi praticamente a mesma: “Eles não querem conversar.”
Apesar da repetição, Lula deixou escapar um detalhe na quinta tentativa: admitiu que não fez a chamada, mas justificou o gesto com a mesma frase usada nas demais respostas. “Não fiz chamada porque não querem conversar”, afirmou, reforçando sua tese de que os norte-americanos não estariam dispostos a negociar.
Postura unilateral dos EUA
Segundo Lula, o governo Trump decidiu aplicar as sanções de forma unilateral, sem abrir espaço para diálogo ou comunicações diplomáticas prévias. “Eles acham que podem tomar decisões, publicar no jornal e deixar a responsabilidade do nosso lado. Não”, criticou o presidente, em tom de reprovação à forma como a medida foi conduzida.
O petista já vinha defendendo esse discurso em coletivas e pronunciamentos oficiais, mas a entrevista à BBC acabou evidenciando a rigidez da sua posição. Mesmo diante da insistência dos repórteres, ele evitou assumir qualquer iniciativa de contato direto com a Casa Branca.
Sanções como “punição política”
O próprio Trump tem associado as tarifas impostas ao Brasil a uma resposta política. O republicano alega que o ex-presidente Jair Bolsonaro estaria sendo vítima de uma “caça às bruxas” no País, após ter sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por liderar uma tentativa de golpe de Estado em 2022.
Para Trump, o cerco judicial contra Bolsonaro seria prova de que o Brasil vive um cenário de perseguição política. Lula rebateu a declaração: “Disse que o Bolsonaro está sendo perseguido, que não tem democracia. O Brasil tem muita democracia”, frisou.
Relação pessoal distante
Questionado sobre a relação direta com Trump, Lula foi categórico: “Não tem relação”. O presidente reforçou que não vê espaço para contato neste momento, já que, segundo ele, os norte-americanos “não querem conversar”.
O ponto central, no entanto, permaneceu sem resposta clara: por que não pegar o telefone e tentar, ao menos uma vez, estabelecer um diálogo direto? Até a sexta pergunta, o presidente manteve a mesma linha, sem admitir qualquer esforço de aproximação.
“Eles não querem conversar”, repetiu.