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Após fazer discurso para defender mulheres, Nikolas Ferreira pode perder mandato por “transfobia”; veja vídeo

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Brasil – Deputados federais anunciaram nesta quarta-feira (8) que pretendem entrar com pedido de cassação do mandato do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) no Conselho de Ética por “discurso transfóbico” do congressista na tribuna da Câmara dos Deputados.

 

Na ocasião, o deputado colocou uma peruca e disse que “se sentia uma mulher” no Dia Internacional da Mulher e que “as mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres”. Ele se concentrou em críticas tanto ao feminismo, quanto a empresas que estão substituindo mulheres por transsexuais, além no caso dos esportes, onde os transgêneros possuem uma clara vantagem biológica natural contra mulheres cisgênero.

“Não estou defendendo meu umbigo, mas a sua liberdade”, salientou o deputado. “A liberdade, por exemplo, de um pai recusar que um homem de 2 metros de altura, um marmanjo, entre no banheiro de sua filha — sem ser considerado transfóbico.”

Críticas à Apple e à Hershey’s

Ferreira disse que as mulheres estão perdendo seus espaços em diversos ambientes de trabalho, como nos esportes e nos concursos de beleza. “Uma pessoa que simplesmente pensa ser algo impõe isso a você”, afirmou.

O deputado citou especificamente o caso da Apple, que escalou para a propaganda do Dia Internacional da Mulher um homem. “Ele, inclusive, é um ativista da obesidade”, ressaltou. “Há também a história da Hershey’s, que colocou um homem que se sente mulher numa propaganda de mulheres.”

Ferreira ainda criticou o feminismo e disse que as mulheres não devem nada à ideologia. Conforme o parlamentar, uma das principais expoentes do feminismo, a escritora Simone de Beauvoir, teria defendido a legalização da pedofilia. “A esquerda fica em silêncio sobre isso”, afirmou. “E tenta dizer às mulheres que ser uma pessoa brava, de virtudes, é monopólio da esquerda. Isso é mentira. É algo humano. Ser corajoso não cabe apenas às feministas.”

O tom de deboche do parlamentar, no entanto, acabou abrindo margem para a oposição criar a narrativa de “discurso de ódio”.

Oposição se mobiliza e pede cassação

A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) disse que ela, ao lado da bancada do partido, apresentará um pedido de cassação do mandato de Nikolas Ferreira pelo crime de transfobia.

“Estamos falando de um homem, no Dia Internacional das Mulheres, que tirou nosso tempo de fala para trazer uma fala preconceituosa, criminosa, absurda e nojenta. A transfobia ultrapassa a liberdade de discurso, garantida pela imunidade parlamentar. Transfobia é crime no Brasil”, disse a deputada, ao chamar o deputado de “moleque”.

A bancada do Psol informou que irá ingressar com uma notícia-crime no STF (Supremo Tribunal Federal) para que o deputado seja responsabilizado pelo crime de transfobia.

“Nenhuma transfobia terá palco. E nenhuma transfobia passará sem respostas políticas e jurídicas à altura. Transfobia é crime”, disse a deputada Erika Hilton (Psol-SP).

Hilton e Duda Salabert (PDT-MG) são as primeiras deputadas federais transexuais a serem eleitas no país.

Nas redes sociais, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), criticou a atitude do deputado Nikolas Ferreira.

“O plenário da Câmara dos Deputados não é palco para exibicionismo e muito menos discursos preconceituosos. Não admitirei o desrespeito contra ninguém. O deputado Nikolas Ferreira merece minha reprimenda pública por sua atitude no dia de hoje. A todas e todos que se sentiram ofendidas e ofendidos, minha solidariedade”, disse Lira.

 


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