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Sete milicianos serão julgados por 34 mortes no ‘Fim de Semana Sangrento’ em Manaus

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Manaus – Sete policiais militares enfrentarão julgamento nesta quarta-feira (2) pela participação em um grupo de extermínio responsável por mais de 30 mortes durante um final de semana sangrento em Manaus, em julho de 2015. O caso, que chocou a capital amazonense, é investigado desde então e resultou na Operação Alcateia, deflagrada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) para desarticular a organização criminosa composta majoritariamente por agentes da Polícia Militar.

Os réus – Dorval Junio Carneiro de Mattos, Bruno Cezanne Pereira, Germano da Luz Júnior, Silvio José Silva de Oliveira, Klebert Cruz de Oliveira, George MacDonald Rodrigues de Oliveira e Janilson Monteiro da Frota – foram pronunciados por crimes como homicídio qualificado (Art. 121 do Código Penal), formação de milícia privada (Art. 288-A) e adulteração de identificação de veículo automotor (Art. 311). Eles são acusados de envolvimento direto em assassinatos e tentativas de homicídio, incluindo as mortes de Giovani da Silva de Souza e Alexandre dos Santos Marques, além da tentativa contra Leandro Araújo Valério.

Detalhes dos crimes

A decisão de pronúncia aponta que os homicídios foram motivados por razões torpes e executados com recurso que dificultou a defesa das vítimas, conforme os incisos I e IV do Art. 121 do Código Penal, com agravamento previsto no § 6º. No caso de Giovani da Silva de Souza, os sete réus estão implicados. Já a morte de Alexandre dos Santos Marques, de 18 anos, ocorrida em 28 de outubro de 2015 no bairro Tarumã, envolveu Dorval Junio, Silvio José, Klebert Cruz e Janilson Monteiro. Este último crime foi planejado para roubar um revólver calibre 38 e uma escopeta, conforme apurado pela Polícia Civil.

Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça revelaram que Klebert Cruz de Oliveira articulou o assassinato de Alexandre com Janilson Monteiro. O plano incluía forjar um assalto, mas culminou na execução do jovem com dois tiros na cabeça. Áudios obtidos pela polícia mostram a combinação do crime, que foi monitorado pela Força-Tarefa da SSP. Uma testemunha relatou que a trama começou dez dias antes, e imagens de câmeras de segurança flagraram o carro de Klebert, um Celta prata, no local do crime.

No mesmo caso, outra vítima, Leandro Araújo Valério, escapou de uma tentativa de homicídio ao fugir para uma mata após ser baleado. Os quatro réus citados – Dorval, Silvio, Klebert e Janilson – também respondem por essa ação.

Milícia privada e outros crimes

Além dos homicídios, os sete policiais são acusados de integrar uma milícia privada (Art. 288-A), crime que consiste em constituir, organizar ou financiar grupo armado para praticar delitos, com pena prevista de 4 a 8 anos de reclusão. Eles também enfrentam denúncias por adulteração de identificação de veículo automotor (Art. 311), relacionado ao uso de carros para encobrir suas ações criminosas.

O grupo é investigado por pelo menos dez assassinatos e 15 tentativas de homicídio em Manaus. Entre os casos, destaca-se o triplo homicídio em maio de 2015, que vitimou Matheus Weslley Silva dos Santos, Douglas Melo de Andrade e Matheus Cardoso Ferreira, com suspeita de envolvimento de outros policiais, como Charles dos Santos Farias e Magno Azevedo Mafra. A polícia identificou os suspeitos após rastrear os celulares das vítimas, que passaram a ser usados pelos agentes após o crime.

Contexto do “Fim de Semana Sangrento”

O período entre 17 e 20 de julho de 2015 ficou conhecido como “Fim de Semana Sangrento” em Manaus, quando mais de 30 pessoas foram assassinadas em diversas zonas da cidade. A Operação Alcateia resultou na prisão de 12 policiais militares e três civis, incluindo os sete que serão julgados hoje. A investigação apontou que o grupo de extermínio agia com extrema violência, muitas vezes motivado por vingança ou interesses pessoais, como o roubo de armas.

O julgamento, que ocorre na 3ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Manaus, é aguardado com expectativa por familiares das vítimas e pela sociedade, que cobra justiça após quase uma década dos crimes. O Ministério Público do Amazonas (MPAM) já anunciou que recorrerá de qualquer absolvição, como fez em decisões anteriores relacionadas ao caso, reforçando a gravidade das provas apresentadas contra os acusados.

Confira a reportagem completa:

Confira os documentos:





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