“Rei dos Empréstimos” é preso após movimentar R$ 2 bilhões com mais de 300 empresas fantasmas; veja vídeo
Brasil – A Polícia Federal prendeu na última quinta-feira (21/8) o empresário Jobson Antunes Ferreira, de 63 anos, acusado de comandar um dos maiores esquemas de fraudes bancárias do país. Conhecido como o “Rei dos Empréstimos”, ele movimentou mais de R$ 2 bilhões ao longo de duas décadas utilizando mais de 300 empresas fantasmas e uma rede de 30 identidades falsas.
A prisão aconteceu em um condomínio de luxo em Piratininga, Niterói, onde Jobson vivia ao lado da esposa, Cláudia Márcia, também detida por participação ativa no esquema. Segundo a investigação, o imóvel foi adquirido com dinheiro ilícito.
Uma “empresa do crime”
De acordo com o delegado Bruno Bastos Oliveira, responsável pela operação, Jobson estruturou uma verdadeira organização criminosa com métodos sofisticados de fraude.
“A gente descobriu que ele geria uma verdadeira empresa do crime”, afirmou o delegado.
Para viabilizar os empréstimos fraudulentos, o grupo recrutava pessoas em situação de rua como “laranjas”, que figuravam como sócios e responsáveis legais das empresas fictícias. Além disso, oferecia comissões a gerentes de bancos que facilitassem as operações.
Uma das estratégias do bando era pagar as primeiras 10 a 12 parcelas dos empréstimos antes de interromper os pagamentos, simulando dificuldades financeiras para despistar as instituições.
Identidades falsas e participação da esposa
Ex-oficial da Marinha Mercante, Jobson começou a aplicar golpes no início dos anos 2000, quando enfrentava dificuldades financeiras com sua empresa de material de construção, em Itaipuaçu, Região Metropolitana do Rio.
Ele usava nomes falsos como Afonso Martins, Domingos Sávio, João Batista e Gilson Ferreira. Em gravações obtidas pela polícia, chegou a admitir a participação de Cláudia nas falsificações:
“A minha esposa assinando fica perfeito. Letra de mulher, meu amigo, fica igualzinho. Ela já treinou e tudo”, disse em uma das conversas interceptadas.
Prisão anterior e reincidência
Jobson já havia sido preso em 2024, após um de seus “laranjas” ser flagrado tentando sacar dinheiro com documentos falsos. Na ocasião, tentou subornar um delegado federal, mas foi liberado em novembro do mesmo ano com tornozeleira eletrônica. Mesmo monitorado, continuou operando o esquema.
Crimes e defesa
Segundo a Polícia Federal, o casal e demais envolvidos irão responder por:
Estelionato qualificado
Lavagem de dinheiro
Organização criminosa
Financiamento fraudulento
Em nota enviada ao Fantástico, o advogado Jair Pilonetto, que defende o casal, declarou que “os acusados não cometeram os crimes imputados a eles e que a inocência dos dois será comprovada no decorrer da instrução processual”.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) também se manifestou, repudiando o envolvimento de funcionários bancários nas fraudes e destacando que realiza treinamentos periódicos para que seus colaboradores identifiquem e denunciem movimentações suspeitas.



