Mãe envenenada com ovo de Páscoa sai de entubação e já se comunica; filho morreu
Brasil – Mirian Lira, de 32 anos, vítima de um envenenamento causado por um ovo de Páscoa em Imperatriz, no Maranhão, apresentou uma discreta melhora em seu estado de saúde. Internada na UTI do Hospital Municipal de Imperatriz (HMI) desde quinta-feira (17/04), ela foi extubada no domingo (20/04) e já consegue se comunicar, segundo informações da família. Apesar do avanço, Mirian ainda não recupera os movimentos do corpo e permanece na UTI. Por orientação médica, ela ainda não foi informada sobre a trágica morte de seu filho, Luís Fernando Rocha Silva, de 7 anos, que também consumiu o chocolate envenenado. A filha de Mirian, Evely Fernanda Costa Silva, de 13 anos, segue em estado gravíssimo, entubada e sedada, mas com leve melhora nos indicadores infecciosos, conforme o boletim médico de sábado (19/04).
O caso, que chocou a cidade, é investigado pela Polícia Civil do Maranhão, que aponta Jordélia Pereira Barbosa, de 35 anos, como a principal suspeita. Presa em Santa Inês na quinta-feira (17/04), dentro de um ônibus interurbano, Jordélia é ex-companheira do atual namorado de Mirian e teria agido motivada por ciúmes e vingança. Em depoimento, ela confessou ter comprado o ovo de Páscoa, mas negou ter adicionado veneno. No entanto, a polícia reuniu fortes indícios de sua autoria, incluindo imagens de câmeras de segurança que a mostram comprando o chocolate em Imperatriz, disfarçada com peruca e óculos escuros, além de objetos apreendidos, como perucas, restos de chocolate e uma substância suspeita, possivelmente “chumbinho”, um veneno comum.
O ovo, entregue na noite de quarta-feira (16/04) por um motoboy com um bilhete que dizia “Com amor, para Mirian Lira. Feliz Páscoa”, foi consumido por Mirian e seus filhos. Luís Fernando foi o primeiro a apresentar sintomas, como fraqueza e desmaio, e faleceu horas após ser internado. Mirian e Evely começaram a passar mal logo depois, com sintomas como mãos roxas e dificuldade para respirar. A família relatou que, após receber o chocolate, Mirian atendeu uma ligação de uma mulher não identificada, que perguntou se o ovo havia chegado e disse: “Você vai saber quem é”.
Jordélia, conhecida em Santa Inês por atuar no ramo da estética, com um estúdio em casa e mais de 12 mil seguidores nas redes sociais, viajou 384 km de Santa Inês a Imperatriz para executar o plano. Ela se hospedou em um hotel usando um crachá falso, onde se apresentou como mulher trans com o nome Gabrielle Barcelli, e chegou a realizar uma falsa degustação de trufas perto do local de trabalho de Mirian, possivelmente para despistar suspeitas.
A Justiça decretou a prisão preventiva de Jordélia na sexta-feira (18/04), e ela foi transferida no domingo (20/04) para a Unidade Prisional de Ressocialização Feminina de São Luís (UPFEM), onde permanecerá à disposição da Justiça. Amostras do ovo e do material apreendido foram enviadas ao Instituto de Criminalística de Imperatriz (Icrim), e os laudos, esperados em até 10 dias, devem confirmar a substância utilizada no envenenamento. A polícia também investiga a possível participação de outros envolvidos.
Enquanto a investigação avança, a cidade de Imperatriz acompanha com pesar a luta de Mirian e Evely pela recuperação, ainda abalada pela perda de Luís Fernando, sepultado na sexta-feira (18/04). O caso expõe a gravidade de crimes motivados por vingança pessoal e reforça a necessidade de rigor nas apurações para garantir justiça às vítimas.