Mãe de Djidja Cardoso afirma em depoimento: ‘Minha filha m0rreu de depressão, não por cetamin4’
Manaus – A morte de Djidja Cardoso permanece envolta em incertezas. O que, à primeira vista, parecia ser uma overdose causada pelo uso indiscriminado de cetamina, ganha novas camadas após o depoimento de sua mãe, Cleusimar Cardoso, à Justiça. Em uma audiência realizada no dia 4 de setembro, Cleusimar declarou acreditar que a verdadeira causa da morte de sua filha foi a depressão, e não o uso da droga sintética.
A cetamina, uma substância com propriedades anestésicas, conhecida tanto por seu uso medicinal quanto recreativo, pode causar efeitos colaterais graves, como alucinações e dependência. Apesar disso, Cleusimar afirmou que Djidja usava a droga como uma forma de combater a depressão severa que a acometia, agravada após a morte da avó e pelas traições do namorado, Bruno Roberto.
Contudo, as investigações revelam uma história mais complexa. O Ministério Público acusa Cleusimar e seu filho Ademar Cardoso de estarem no centro de um esquema de tráfico de drogas, alegando que ambos lideravam o grupo religioso “Pai, Mãe, Vida”, que promovia o uso indiscriminado de cetamina. Durante seu depoimento, Cleusimar negou envolvimento no tráfico e alegou que o grupo não era uma seita, mas sim um coletivo espiritual baseado nas “Cartas de Cristo”, que, segundo ela, orientavam suas práticas de meditação e cura.
O laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) indica que Djidja sofreu um edema cerebral, que comprometeu o funcionamento de seu coração e pulmões, sugerindo uma possível relação com o uso de substâncias. No entanto, Cleusimar sustentou que a filha também tomava outros remédios controlados, como o clonazepam, e insinuou que esses medicamentos poderiam ter sido mais prejudiciais que a própria cetamina.
A polêmica em torno da família se intensificou quando as investigações revelaram que Cleusimar utilizava as “Cartas de Cristo” como parte de um ritual no salão de beleza que administrava, recrutando funcionários para meditar com ela. Além disso, a polícia apurou que as drogas eram adquiridas em raves e por meio de aplicativos de mensagens, sem um fornecedor fixo.
Ao longo do depoimento, Cleusimar repetiu diversas vezes que era apenas usuária de cetamina e que seu uso estava restrito a práticas espirituais pessoais. “Eu usava a cetamina para meditar nas cartas de Cristo, isso nos ajudava a lidar com a ansiedade”, afirmou.
Mesmo com as graves acusações de tráfico e o envolvimento de seu filho Ademar em outros crimes, Cleusimar demonstrou surpresa por estar presa, afirmando que sua fé nas cartas de Cristo e suas meditações eram mal compreendidas. “Intolerância religiosa é crime”, declarou, expressando o desejo de retomar sua vida, seus salões de beleza e suas práticas espirituais após sair da prisão.
O caso de Djidja Cardoso continua sem um desfecho claro, e enquanto o laudo oficial do IML não é divulgado, o mistério sobre o que realmente causou sua morte persiste. Teria sido a depressão, como afirma sua mãe, ou o uso excessivo de cetamina, como suspeita a polícia? A investigação segue, e as respostas ainda podem trazer novas revelações.