Investigações da PF revelam compra de gado com dinheiro de garimpo ilegal em Roraima
Brasil – Nesta terça-feira (3) a Polícia Federal (PF) desencadeou a Operação Taureus Aureus, um ataque decisivo contra o financiamento do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. A ação resultou na prisão de três pessoas e na apreensão de mais de R$ 60 mil em espécie, quatro veículos, cinco armas e diversas joias. Dos 15 mandados de busca e apreensão emitidos, 14 foram cumpridos em Roraima e um em Rondônia.
Durante uma coletiva de imprensa, o delegado Michel Saliba, chefe da operação, detalhou a magnitude da ação. Além das prisões e apreensões, a PF conseguiu bloquear R$ 834 mil e tornar indisponível uma fazenda utilizada como base logística para o garimpo ilegal. A localização da fazenda, acessível pelo rio Mucajaí, não foi divulgada, mas sua função no esquema criminoso foi clara.
Saliba revelou que a investigação desvendou um “ciclo completo” de atividades relacionadas ao garimpo ilegal, abrangendo desde o fornecimento de materiais até a compra e venda do ouro extraído. A operação recebeu o nome de Taureus Aureus em referência ao “touro dourado”, simbolizando que um dos investigados usava os lucros do garimpo para comprar gado.
A operação foi realizada em Boa Vista, no interior de Roraima, e em Rondônia, onde residia um dos financiadores do esquema. Saliba explicou que a operação está em andamento e que ainda não foi possível concluir um levantamento total da movimentação financeira da organização. No entanto, valores significativos foram identificados, incluindo uma máquina avaliada em R$ 400 mil e a fazenda mencionada.
“Diversos alvos já são conhecidos pela polícia, não apenas por garimpo ilegal. No caso da operação de hoje, em Boa Vista, 95% dos investigados já tinham passagem pela polícia, incluindo crimes ambientais, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma”, destacou Saliba.
A Operação Taureus Aureus é um desdobramento da Operação Libertação, iniciada em fevereiro de 2023 com o objetivo de reprimir o garimpo ilegal, expulsar invasores do Território Indígena Yanomami e reduzir os lucros da atividade criminosa. Desde o início da Operação Libertação, foram realizadas 23 operações especiais, resultando em 159 mandados de busca e apreensão e 33 prisões preventivas.
O delegado Caio Luchini explicou que a PF atua em duas frentes principais: operações ostensivas para destruir maquinário e prender indivíduos em flagrante e investigações detalhadas que levam ao cumprimento de mandados e sequestro de bens e valores.
Pedro Duarte, chefe da Delegacia de Meio Ambiente da PF em Roraima, informou que a atividade garimpeira está enfraquecida, o que contribuiu para uma redução de 46% no desmatamento na Terra Yanomami em comparação a 2022, e uma queda de 50% no primeiro semestre de 2023. “Identificamos uma redução de 92% nos alertas de garimpo neste ano, em comparação com 2022, e uma diminuição de 78% em relação ao primeiro semestre de 2023. Esses números são significativos e mostram o impacto positivo das nossas ações no combate ao garimpo ilegal”, explicou Duarte.
A PF continuará analisando o material apreendido e coletando mais provas para enviar relatórios detalhados ao Ministério Público Federal (MPF), visando responsabilizar os envolvidos pelos crimes investigados.
Com informações do Folha de Boa Vista.