Senado dos EUA derruba vacinação obrigatória de funcionários de empresas
Mundo – O Senado dos Estados Unidos aprovou na última quarta-feira (8/12) uma resolução para anular uma norma do governo do presidente Joe Biden para que as empresas do país com cem ou mais funcionários exijam que eles estejam vacinados contra a Covid-19 ou passem por testes semanais.
A votação teve 52 votos favoráveis à resolução e 48 contrários. A matéria agora vai para a Câmara dos Representantes, onde os democratas, partido de Biden, têm a maioria. Independentemente da tramitação no Congresso americano, a norma, cujas exigências entrariam em vigor em 4 de janeiro, foi suspensa liminarmente pela Justiça americana.
“De vez em quando, Washington, DC, faz algo que atende diretamente os protestos do povo. Este é um desses momentos ”, disse o senador Steve Daines (R-Mont.). Em casa, disse ele, “é sobre este assunto que ouço falar. Este é um dos principais problemas ”.
Os legisladores podem invalidar certos regulamentos de agências federais se uma resolução conjunta for aprovada por ambas as casas do Congresso e assinada pelo presidente, ou se o Congresso anular um veto presidencial. É improvável que aconteça neste caso.
Segundo a regra, as empresas do setor privado com 100 ou mais trabalhadores devem exigir que seus funcionários sejam totalmente vacinados contra o COVID-19 ou que sejam testados para o vírus semanalmente e usem máscaras no trabalho. A Administração de Segurança e Saúde Ocupacional disse que trabalharia com as empresas para garantir a conformidade, mas cobraria multas que poderiam ultrapassar US $ 13.000 para cada violação, embora a implementação e a fiscalização sejam suspensas à medida que o litígio se desenrola.
Críticas
O líder da maioria no Senado, Chuck Schumer (DN.Y.), disse que os americanos que se recusaram a ser vacinados são o maior obstáculo para o fim da pandemia. Ele deu a entender que parte da resistência às vacinas obrigatórias é baseada na política.
“Alguns dos antivaxxers aqui nesta câmara me lembram o que aconteceu 400 anos atrás, quando as pessoas se apegavam ao fato de que o sol girava em torno da Terra. Eles simplesmente não acreditavam na ciência. Ou 500 anos atrás, quando eles tinham certeza de que a Terra era plana ”, disse Schumer.
Schumer disse que a mídia social desempenhou um papel importante na disseminação de falsidades sobre a vacina, e “a extrema direita também”. Ele pediu aos senadores que votassem contra a resolução, patrocinada pelo senador Mike Braun (R-Ind.).
Apoio à decisão
Os republicanos disseram que apoiam a vacina, mas exaltaram que o mandato que as obriga, tornou-se um exagero do governo.
“Seus mandatos estão sob pressão nos tribunais. Os criadores de empregos da Main Street estão reclamando disso, e hoje à noite o Senado dos EUA deve enviar uma mensagem clara: pare com essa má ideia ”, disse Braun.
Alguns argumentaram que o mandato pode até contribuir para que as pessoas não sejam vacinadas.
“Acho que, na verdade, o mandato piorou as coisas em termos de endurecimento das pessoas que não querem que o governo diga o que fazer”, disse o senador John Barrasso (R-Wyo.).
A senadora Shelley Moore Capito (RW.Va.) disse que uma prefeitura que entrou em contato com ela por telefone tem seus funcionários preocupados em manter seus empregos caso o mandato entre em vigor.
“Se você olhar para o meu estado, 40% da força de trabalho do meu estado pode perder o emprego sob este mandato”, disse Capito. “Será um assassinato para a nossa economia.”
No final, dois legisladores democratas votaram com 50 republicanos para anular o mandato, Sens. Joe Manchin da Virgínia Ocidental e Jon Tester de Montana. Manchin disse em um tweet que não apóia nenhum mandato federal de vacinação para empresas privadas. O escritório de Tester disse que sua oposição se baseia em conversas com empresas de Montana que “expressaram profundas preocupações sobre o efeito negativo em seus resultados financeiros e na economia de nosso estado durante este período de recuperação frágil”.
Contrários à decisão
A senadora Patty Murray (D-Wash.) Apoiou a administração Biden, observando que a pandemia ainda está se alastrando e que as mortes são esmagadoras entre os não vacinados.
“Como diabos faz sentido agora minar uma das ferramentas mais fortes que temos para vacinar as pessoas e deter o vírus?” Murray disse. “Em que mundo isso é uma boa ideia?”
A Casa Branca divulgou um comunicado esta semana afirmando que os assessores de Biden recomendariam que ele vetasse a resolução no caso improvável de ela chegar a sua mesa.
“O presidente quer ver os americanos de volta ao trabalho, e os americanos de volta ao trabalho não devem correr o risco de quem não foi vacinado e se recusou a fazer o teste”, disse a Casa Branca.
As mortes nos Estados Unidos decorrentes da COVID-19 estão em torno de 1.600 por dia, em média. O número total de mortes nos EUA em menos de dois anos na pandemia pode em breve chegar a 800.000.
Com informações via Los Angeles Times
