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Padre celebra casamento em Libras e emociona casal de surdos

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Curitiba – No início de outubro, logo após subirem no altar, os noivos Dayton Denis Siqueira e Simone Aparecida Pereira levaram um susto: não havia padre!

Durante cerimônia, eles foram avisados que um pároco substituto fora acionado de última hora, mas o casal não fazia ideia de quem era.

Uma vez que Dayton e Simone são surdos, o padre escalado já estava ciente de como o casamento deveria ser conduzido. A surpresa veio quando surgiu no corredor um homem considerado o ‘anjo da guarda’ dos dois: Wilson Czaia, padre que atua na diocese de Curitiba (PR).

Wilson fez questão de viajar quase 800 km até Franca, no interior paulista, para abençoar a união do casal. Ele mesmo um deficiente auditivo, realizou a celebração na Língua Brasileira de Sinais (Libras), e emocionou os convidados e os noivos. “Estamos muito felizes”, diz Dayton.

Dayton e Simone se conheceram em 2012, por intermédio do padre Wilson Czaia, durante o Hallel, um festival de música cristã que reúne anualmente milhares de fiéis em Franca (SP). Lá, um se encantou pelo outro.

“Eu me aproximei, comecei a conversar e logo trocamos o número de celular para conversar no Whatsapp. Conversa vai, conversa vem, começamos a namorar”.

Igreja inclusiva

A fé é parte vital e integrante da vida do casal: Dayton vem de uma família espírita e Simone, de uma família católica.

Quando começaram a namorar, descobriram o trabalho feito pela Pastoral do Surdo. Todo domingo, eles frequentam as missas especiais na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, no bairro Jardim Paulistano.

A Pastoral do Surdo e as missas dominicais levaram o casal a se aprofundar na fé católica.

Maria Rita Capel, que é voluntária na pastoral, atua diretamente traduzindo em Libras as mensagens e os ensinamentos bíblicos. “Para a comunidade surda isso é o máximo. Até então, todo mundo só ficava olhando, mas não se envolvia tanto. Quando o padre Ovídio abriu isso, daí pra frente, eles [surdos] se apegaram à igreja”, diz.

 

“Hoje eles participam de encontros de jovens, encontro de casais. Tudo que tem dentro de uma paróquia, a pastoral faz o encaixe dos meninos. Tem uma equipe que se reveza na interpretação”, explica Maria Rita.

O convívio com outros casais na paróquia que despertou em Simone e em Dayton a vontade de casar na igreja. Para isso, toda a comunidade se empenhou para ajudá-los.

Surpresa para os noivos

O casal eventualmente marcou a data da cerimônia de casamento após cumprirem com todas as obrigações civis e religiosas. Eles também receberam a benção do padre Wilson, que retornou a Franca sete anos após o evento Hallel para reencontrá-los.

Maria Rita aproveitou a presença do padre para convidá-lo a celebrar o casamento, que estava marcado para o dia 5 de outubro.  A ideia era fazer com ele voltasse a Franca para celebrar o casório.

“Ele falou que aceitava, mas pediu segredo. Nós não comentamos nada com ninguém. No dia seguinte ao casamento, o padre Wilson tinha que estar em São Paulo para a ordenação de um diácono surdo. Compramos a passagem dele na sexta-feira, de Curitiba para Ribeirão Preto.”

Emoção

O grande dia chegou. Simone se preparou com a ajuda de amigas da igreja, que também ajudaram a confeccionar o buquê,  as lembrancinhas dos padrinhos, o bolo e os docinhos da festa.

Na data prevista, às 17h, os convidados e os noivos já aguardavam apreensivos na igreja… mas e o padre escalado para o casamento? Coube a um seminarista a missão de criar o clima para que o casal não desconfiasse da surpresa que estava por vir.

“O seminarista Márcio avisou que naquela hora não havia padre para celebrar o casamento, mas que a igreja já havia providenciado um substituto. Ele pediu a nós dois que olhássemos para a porta de entrada da igreja. Ao ver o padre Wilson entrando, nós não conseguimos falar nada”, diz Simone.

O noivo não conteve o choro. “Na hora, parecia que Jesus entrava junto com o padre Wilson”, afirma.

Padre Wilson, que atua em Curitiba pela inclusão da comunidade surda, se emocionou ao levar sua mensagem ao casal e aos convidados. Para Maria Rita, o esforço valeu a pena. “Foi muito bonito e eu me sinto feliz. A gente percebe a razão da vida. Viver é fazer a outra feliz.Eles são seres humanos que necessitam estar no meio, incluídos, e não à parte.

Fonte: Razões para acreditar 

 


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