Influencer que estava gravando há 10 dias sofrendo humilhação dos “amigos” morre durante live; veja vídeo
Manaus – O que começou como uma maratona de streaming de resistência terminou em tragédia transmitida ao vivo. O streamer francês Raphaël Graven, conhecido como Jean Pormanove ou simplesmente JP, morreu aos 43 anos após mais de 230 horas consecutivas de transmissão na plataforma Kick.
Durante os dez dias de live, Graven foi submetido a agressões físicas, insultos e humilhações constantes por parte de outros participantes, que transformaram sua dor em espetáculo diante de milhares de espectadores. O pesadelo chegou ao fim quando, enquanto dormia ao vivo, o streamer parou de responder. Pouco depois, os colegas que estavam com ele desligaram suas câmeras, já cientes de que algo grave havia acontecido.
Inquérito aberto por homicídio e violência repetida
O Ministério Público de Nice confirmou a abertura de uma investigação para apurar a causa da morte e verificar se as agressões sofridas ao longo dos dias tiveram ligação direta com o desfecho fatal.
Os principais suspeitos são Owen Cenazandotti, conhecido como Naruto, e Safine Hamadi, chamada de Safine, que já estavam sob investigação judicial desde janeiro, acusados de incitação ao ódio, violência contra pessoas vulneráveis e divulgação de imagens de agressões. Ambos foram interrogados novamente após a tragédia.
A apuração também mira a responsabilidade da plataforma Kick, que transmitiu todo o episódio ao vivo sem qualquer tipo de intervenção ou moderação, mesmo diante das cenas de violência explícita.
Indignação política e social
O caso provocou forte reação na França e em outros países da Europa. A Ministra da Digitalização francesa classificou a transmissão como um “horror absoluto” e criticou a falta de controle sobre conteúdos extremos.
Segundo ela, a tragédia é reflexo direto da permissividade das plataformas digitais, que permitem que a violência e a humilhação sejam transformadas em entretenimento, recompensadas por algoritmos que priorizam audiência em vez de segurança.
Debate reaberto sobre streaming e violência online
A morte de Raphaël Graven reacende o debate sobre os limites das transmissões ao vivo, a normalização da violência como forma de espetáculo e a responsabilidade das empresas de tecnologia em prevenir abusos fatais.
Enquanto a investigação avança, familiares, fãs e autoridades exigem respostas — e pedem mudanças urgentes nas regras que regem as plataformas de streaming, para que tragédias como essa não voltem a se repetir.



